O presidente da
Caixa Econômica Federal (CEF), Pedro Guimarães, anunciou nesta quarta-feira (12),
ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes,
que a instituição financeira vai devolver R$ 3 bilhões ao governo federal.
Esses recursos, contudo, não podem ser contabilizados como receitas
primárias, ou seja, para uso no orçamento da União em gastos dos ministérios.
Os valores são classificados como financeiros e, deste modo, podem ser utilizados
apenas para o abatimento da dívida pública.
"Essa é uma determinação do ministro Guedes [a devolução dos
recursos]. Não é discussão de 'management' [gerenciamento]. É uma decisão de
governo que nós vamos devolver o dinheiro", declarou Guimarães. Segundo
ele, a estratégia da instituição financeira é de devolver outros R$ 17 bilhões
até o fim de 2019.
O ministro Paulo Guedes, lembrou que, durante a campanha eleitoral, no
ano passado, sua equipe informou que iria "despedalar" os bancos
públicos, ou seja, devolver recursos emprestados.
"Houve muitos empréstimos da União aos bancos públicos que
cometeram excessos com recursos públicos, como BNDES e Caixa. E essas
'pedaladas' acabaram levando ao 'impeachment' da presidente [Dilma]. E nossa
responsabilidade é devolver esses recursos à União, e dentro, inclusive, das
exigências do TCU, garantir que esses recursos devolvidos abatam a dívida
pública", declarou.
Segundo o ministro da Economia, é a primeira vez que a Caixa devolve
dinheiro para a União. "É a primeira vez que a Caixa devolve dinheiro para
a União. Isso merece até uma celebração", diz Guedes.
Saldo
Em janeiro deste ano, Guimarães informou que a Caixa tem uma dívida com o governo de cerca de R$ 40 bilhões por
meio do chamado IHCD (Instrumento Híbrido de Capital e Dívida) sem prazo de
pagamento, e acrescentou que isso não seria justo.
Também informou, naquele momento, que a instituição financeira
buscaria abrir o capital (venda de ações) de suas subsidiárias
– empresas controladas pela Caixa Econômica Federal – para pagar esse débito.
As subsidiárias que serão vendidas, segundo ele informou em janeiro, são
de seguridade, cartões, loterias e de administração de ativos de terceiros
(asset management). Em 2015, o governo chegou a anunciar a abertura de capital da Caixa Seguradora, mas o
processo acabou não indo adiante.
A Caixa é uma empresa 100% pública, que não tem capital aberto, isto é,
ações negociadas em bolsa de valores – ao contrário do Banco do Brasil e da
Petrobras, por exemplo, empresas de economia mista, com capital público e
privado.
De acordo com o secretário especial de Fazenda do Ministério da
Economia, Waldery Rodrigues, os bancos públicos devem, em Instrumentos Híbridos
de Capital e Dívida (IHCD), R$ 83,3 bilhões.
R$ 37,2 bilhões da Caixa Econômica
Federal (após o pagamento de R$ 3 bilhões anunciado),
R$ 36 bilhões do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
R$ 8,1 bilhões do Banco do Brasil,
R$ 1 bilhão do Banco do Nordeste e
R$ 1 bilhão do Banco da Amazônia.
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