As emissões de Gases de Efeito
Estufa (GEE) na atmosfera tem a participação de outras atividades além da
indústria. Em Santa Catarina, a agropecuária corresponde a cerca de 36% das
emissões, conforme dados da organização Observatório do Clima. Concórdia, no
Oeste de Santa Catarina, lidera o ranking das cidades que mais poluem no setor.
Dentro deste setor,
a pecuária é a maior fonte de metano e corresponde a 55% das emissões no
Estado. Concórdia lidera a lista, devido à grande produção de suínos e bovinos.
Em seguida, aparecem Campos Novos, no Planalto Sul, e Braço do Norte, no Sul do
Estado.
Já no ranking dos
menores emissores no setor estão os municípios localizados na região litorânea,
como Balneário Camboriú, Bombinhas e Balneário Barra do Sul.
Os 10 municípios de SC mais poluentes na agropecuária:
1° - Concórdia:
315.785 CO2e
2° - Campos Novos:
220.311 CO2e
3° - Braço do
Norte: 189.017 CO2e
4° - Palmitos:
183.485CO2e
5° - Lages: 167.869
CO2e
6° - Água Doce:
164.576 CO2e
7° - Itapiranga:
162.223 CO2e
8° - Seara: 161.813
CO2e
9° - Videira:
158913 CO2e
10° - Abelardo Luz:
151.041 CO2e
O estudo inédito, dedicado às emissões dos municípios brasileiros entre 2000 e 2018, avaliou valores relacionados aos setores de Energia (54,42%), Agropecuária (36,37%), Mudança do uso da Terra e Floresta (0,35%) e Resíduos (8,86%).
Ao levar em
consideração todos os setores, Capivari de Baixo é o maior emissor de Gases de
Efeito Estufa no Estado, devido ao conjunto de termelétricas a carvão do
complexo Jorge Lacerda.
Já José Boiteux é o
município que mais remove gases estufa das atmosfera em Santa Catarina,
principalmente pelas áreas florestais protegidas e pela manutenção de floresta
secundária.
O especialista em
Geoprocessamento e Ordenamento Ambiental da Epagri, Denilson Dortzbach explica
que agropecuária tem um papel fundamental na economia catarinense, portanto a
emissão de GEEs no setor está diretamente relacionada aos municípios com maior
produção.
Nas atividades
agropecuárias, a mata é substituída por pasto ou plantações, ou seja,
passa-se a emitir GEEs ao invés de absorver. Para que os danos ao meio ambiente
sejam menores e ao mesmo tempo, a economia não seja afetada, Denilson explica é
necessário investir em maneiras mais sustentáveis de produzir alimentos.
— Algumas
tecnologias podem ser adotadas, como sistema plantio direto, recuperação de
pastagens degradadas, integração lavoura-pecuária-floresta, fixação biológica
de nitrogênio, florestas plantadas e sistemas agroflorestais, bem como manejo
de dejetos animais. Além disso, também podem ser usados aditivos para ração que
reduzem a fermentação entérica [para diminuir os gases emitidos pelos animais
ruminantes] — explica o especialista.
A pesquisadora da
UFSC, Regina Rodrigues, lembra que no início do mês de abril, o planeta atingiu
a marca recorde de concentração global de CO2 na atmosfera, de de 420 partes
por milhões, chegando cada vez mais perto de dobrar a concentração que havia
desde antes da revolução industrial. Isso significa que a Terra poderá chegar a
uma temperatura média entre 2.6 e 4.1°C.
— Vários estudos
mostram que não devemos passar de 2°C, porque se isso acontecer, teremos
extremos climáticos. Secas mais intensas, períodos de estiagem mais longos, ao
mesmo tempo que teremos chuvas mais intensas em curtos espaços de tempo. Isso
aumenta a escassez de água, afetando de maneira negativa a agropecuária e a
economia. Isso também afeta a biodiversidade que é importantíssima para
manter um equilíbrio ecológico, e assim mais pragas e doenças afetarão a lavoura
e os animais. Estamos dando um tiro no pé — declara.
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