Crise dos insumos ameaça indústria da proteína animal em SC e no Brasil
Entidades alertam que preço da carne subirá para o consumidor brasileiro. Uma das maiores cadeias produtivas do País está sob ameaça.

Foto: Reprodução

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24/05/2021 - 07h48

A indústria da proteína animal vive uma crise sem precedentes em razão do super encarecimento dos preços dos grãos (milho e soja) – insumos que representam 70% dos custos do setor – situação que ameaça uma gigantesca cadeia produtiva que somente em território barriga-verde sustenta 60 mil empregos diretos e 480 mil empregos indiretos. O alerta está sendo feito, nesta semana, por todas as entidades de representação do setor.

Em documento distribuído nesta segunda-feira, 24, (ver abaixo), a Associação Catarinense de Avicultura (ACAV), a Associação e o Sindicato da Indústria de Carne e Derivados no Estado de SC (AINCADESC e o SINDICARNE) fazem uma dramática exposição sobre a preocupante situação provocada pela escassez de grãos e seu insuportável encarecimento.

Os dirigentes Irani Pamplona Peters (AINCADESC), José Antônio Ribas Junior (SINDICARNE) e Ricardo Castellar de Faria (ACAV) deixam claro que os impactos deste quadro alcançarão inevitavelmente o mercado consumidor, em um momento crítico para o país, com a perda de renda das famílias, em função da pandemia de covid-19. São impactos diretos na segurança alimentar do País e na necessidade básica nutricional dos brasileiros. Em 12 meses, conforme o monitoramento feito pelo Índice de Custos de Produção (ICP) da EMBRAPA Suínos e Aves mais recente (abril 2021), produzir frango está 39,79% mais caro em relação a abril de 2020 – já em um momento de forte alta de custos. O mesmo ocorre com o setor de suínos, com alta de 44,5%. O ICP é um índice médio - o preço do milho atualmente é o dobro em relação ao ano anterior, que já acumulava altas em relação a 2019. Outros custos impactam o setor: aumento do diesel (+ - 30%), embalagem de papelão (+60%), embalagens rígidas e flexíveis (+ 80%), entre outros.

Altas dos custos de produção já alcançaram as gôndolas, com impactos ao consumidor, segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) do IBGE. No caso da carne de frango, a alta é de 15%. De suínos, supera 20%. São elevações que, entretanto, estão muito aquém dos índices oficiais dos custos de produção –, segundo o ICP EMBRAPA, produzir frango está 39,79% mais caro em relação a abril de 2020. O mesmo ocorre com o setor de suínos, com alta de 44,5%.

NA ÍNTEGRA, A MANIFESTAÇÃO:

POSICIONAMENTO INSTITUCIONAL – QUADRO SETORIAL e IMPACTOS INFLACIONÁRIOS

A ACAV – ASSOCIAÇÃO CATARINENSE DE AVICULTURA, a AINCADESC – ASSOCIAÇÃO DA INDUSTRIA DE CARNES E DERIVADOS NO ESTADO DE SANTA CATARINA e o SINDICARNE – SINDICATP DA INDÚSTRIA DE CARNES E DERIVADOS NO ESTADO DE SANTA CATARIA, entidades afiliadas à Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa a avicultura e a suinocultura do Brasil, vem à público destacar o grave quadro setorial enfrentado pelos setores produtivos responsáveis por três das proteínas animais estratégicas para a segurança alimentar da população: a carne de frango, a carne suína e o ovo.

Em 2020, logo no início da pandemia, estes produtores foram convocados a garantir o abastecimento destes alimentos básicos, e assim ocorreu.  Foram investidos bilhões em todo o setor produtivo, com o compromisso de não apenas produzir, como também ampliar a oferta de alimentos para a nossa população – e aumentamos em todas as proteínas, seja em aves (6,5% de alta), suínos (5,5%) ou ovos (9,1%).   O Estado de Santa Catarina foi um dos principais colaboradores neste contexto, ofertando 14,88% da produção nacional de carne de frango, e 30,73% da produção de carne suína.

Entretanto, em meio ao quadro pandêmico, um quadro de forte especulação atingiu estes setores. O milho e a soja, insumos básicos que compõem 70% dos custos de produção, acumulam altas nunca registradas no País.  No caso do milho, houve registros superiores a 100% em diversas praças consumidoras do país.  No caso da soja, as elevações acumularam mais de 60% em relação ao mesmo período de 2020.  Em praças como Chapecó e Campos Novos, as altas giraram entre 113% de elevação no milho e, 71,6% de elevação no farelo de soja quando comparados ao ano anterior.

A estas altas se adicionam a outras, como o diesel (+ - 30%), a embalagem de papelão (+60%) e as embalagens rígidas e flexíveis (+ 80%).

Em 12 meses, conforme o monitoramento feito pelo Índice de Custos de Produção (ICP) da EMBRAPA Suínos e Aves mais recente (abril 2021), produzir frango está 39,79% mais caro em relação a abril de 2020 – já em um momento de forte alta de custos.  O mesmo ocorre com o setor de suínos, com alta de 44,5%.  

Os efeitos nocivos desta forte especulação sobre os insumos já alcançam o consumidor, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (ICPA) do IBGE.   O consequente e inevitável repasse ao consumidor já está nas gôndolas, mas em patamares que ainda não alcançam os níveis de custos.  E há outro agravante: a carne de aves, de suínos e ovos que hoje estão com preços mais elevados foram produzidos utilizando grãos adquiridos em 2020 – quando os valores por tonelada eram menores.  Por isto, novas elevações de preços deverão alcançar a população brasileira nos próximos meses, em um momento crítico para a renda e para a segurança alimentar de nosso país.

Para evitar que o quadro se agrave ainda mais, as representações setoriais solicitaram ao governo medidas para que o setor de proteína animal do Brasil tenha igualdade de competição pelos insumos em relação ao mercado internacional, evitando a desindustrialização e a perda de postos de trabalhos, especialmente em cidades no interior do País.  Ao mesmo tempo, as representações buscam a redução da desigualdade de condições que existem entre importar e exportar os grãos.  Hoje é muito mais fácil embarcar grãos para o exterior do que importar.

Isto, por meio das seguintes medidas:

·        Viabilização emergencial das importações de milho e de soja estritamente para uso em ração animal.  Hoje há desoneração de tarifa para esta importação, mas não há viabilização técnica;

·        Suspensão do imposto Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) sobre a importação destes insumos de países não-integrantes do Mercosul;

·        Suspensão temporária de cobrança de PIS e COFINS para importações provenientes de países extra-Mercosul, para empresas que não conseguem realizar Drawback;

·        Suspensão temporária de cobrança de PIS e COFINS sobre os fretes realizados no mercado interno;

·        Criação de sistema oficial de informação antecipada sobre exportações futuras de grãos, assim como ocorre em outros países, para dar mais transparência ao mercado de insumos, evitando situações especulativas como a atual.

·        Financiamento para construção de armazéns e realização de armazenagem para os produtos, dando mais estabilidade ao mercado;

·        Políticas de incentivo de plantio de milho e de cereais de inverno no Brasil;

A avicultura e a suinocultura do estado pedem apoio.  São 4 milhões de empregos diretos e indiretos em jogo em todo o país, juntamente com a segurança alimentar de nossa população.  Medidas rápidas são emergenciais para evitar que o quadro de perda de renda seja impactado pela redução de acesso à alimentos básicos, agravando a fome em nosso País.

Florianópolis/SC, 24 de maio de 2021.

Irani Pamplona Peters
Presidente AINCADESC

José Antônio Ribas Junior
Presidente SINDICARNE

Ricardo Castellar de Faria
Presidente ACAV

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