Utilizar-se de empresa de fachada para executar ilegalmente
uma obra pública e, assim, receber quase R$ 2 milhões dos cofres do Município.
Por este motivo o ex-Prefeito de Modelo Imílio Ávila, outras quatro pessoas e
as duas empresas envolvidas foram condenados por ato de improbidade
administrativo em ação civil pública ajuizada pelo MPSC.
A pena aplicada a cada um deles foi a perda dos direitos políticos por
oito anos e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios e
incentivos fiscais por 10 anos. O Promotor de Justiça Edisson de Melo Menezes
já informou que vai recorrer da sentença para que os réus sejam, também,
penalizados com aplicação de multa.
A ação da Promotoria de Justiça da Comarca de Modelo relata que, em 2010,
no exercício do cargo de Prefeito, Imílio Ávila cometeu uma sequência de
irregularidades no processo de construção de um centro de eventos para o
Município, em seu benefício e de seu sócio - o engenheiro João Pedro Kothe - na
Metalúrgica Modelo.
Primeiro, o então Prefeito contratou o próprio sócio para elaboração do
projeto estrutural para construção do centro de eventos, ao custo de R$ 13,5
mil, violando os princípios constitucionais da impessoalidade e da moralidade.
Segundo o Promotor de Justiça, o mesmo serviço poderia ter sido prestado sem
custo ao Município pela engenharia da Associação dos Municípios do Entre Rios
(AMERIOS), entidade da qual faz parte.
Depois, designou o sócio como secretário da Comissão de Licitações do
Município, a fim de possibilitar uma fraude no certame para a escolha da
empresa que executaria a obra do centro de eventos, a um custo de R$ 1,98
milhão.
A fraude em questão, conforme detalha a ação do MPSC, possibilitou a
contratação da empresa C2 Engenharia e Construções, uma empresa de capital
social de R$ 29,9 mil e instalações modestas em Chapecó, vencesse a licitação
para fazer fundações da estrutura de concreto armado e da metálica, além da
cobertura metálica e fechamento lateral do centro de eventos. Destaca o
Ministério Público que a C2 Engenharia tem como sócios Claiton Mesacasa e
Rafael Biazi, amigos e colegas de graduação de João Pedro Kothe.
O objetivo dos réus em tornar a empresa vencedora era que, na verdade,
tratava-se tão somente de uma empresa de fachada para a verdadeira executora da
obra: a Metalúrgica Modelo, cujo nome fantasia é Concreaço, de propriedade do
então Prefeito e de Kothe. Isto porquê a Lei de Licitações (Lei n. 8.666/93)
proíbe expressamente a participação nos certames de servidor ou dirigente do
órgão licitante e, também, do autor do projeto em sua execução.
Uma quarta pessoa contribuiu, ainda, para a fraude: Tarcísio Kroth, primo
do sócio do ex-Prefeito. Tarcísio era funcionário de confiança da Metalúrgica
Modelo, mas foi demitido e em seguida contratado pela C2 Engenharia, unicamente
com o intuito de acompanhar a obra - que inclusive utilizou maquinário da
Prefeitura em sua fase inicial - para os verdadeiros executores e encobrir a
fraude.
Diante os fatos e provas apresentados pela Promotoria de Justiça, o Juízo
da vara Única da Comarca de Modelo condenou os réus a perda dos direitos
políticos por oito anos e proibição de contratar com o Poder Público ou receber
benefícios e incentivos fiscais por 10 anos, da qual o Ministério Público já
anunciou que irá recorrer. (Ação n. 0000599-50.2013.8.24.0256)
Esta foi a segunda condenação do ex-Prefeito Imilio Ávila por ato de
improbidade administrativa. A primeira foi em março deste ano, quando foi
condenado a perda dos direitos políticos e proibição de contratar com o poder
público por três anos, por fatos semelhantes, também envolvendo a C2 Engenharia
e seus sócios, na construção de um pórtico para a cidade.
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