A renda média
brasileira cresceu quase 7% entre 2012 e 2014, caiu mais de 3% em 2015,
diminuiu 1% em 2017 e aumentou 4% em 2018 de acordo com um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea). Apesar de toda oscilação, com momentos de recuperação, o
levantamento revelou que em todo momento a população mais pobre do Brasil teve
redução do rendimento, ou seja, enquanto a renda per capita dos 5% mais ricos
subiu quase 9% no período 2015-2018, os 50% mais pobres da população viram sua
renda média encolher 4%.
Segundo Rogério
Barbosa, professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da UERJ e
co-autor da pesquisa do Ipea, uma das justificativas para este alargamento das diferenças sociais é que os momentos de
recuperação econômica começam sempre da classe mais alta para a mais baixa, e
se interrompidos por novos períodos de recessão, como foi o caso, esse alívio
na renda média nunca chega de fato aos mais pobres.
O pesquisador
afirma que a nova crise econômica causada pela pandemia só serviu para atenuar
esse distanciamento de classes. Segundo Rogério, de início, entre março e
abril vários setores sociais foram atingidos ao mesmo tempo, mas logo a partir
de maio formas diferentes de recuperação já estavam disponíveis para populações
mais ricas.
“Por exemplo, o
teletrabalho é uma possibilidade de emprego que não está disponível para todos
os tipos de trabalhadores. A impossibilidade de manter o vínculo,
principalmente dos profissionais menos qualificados ou trabalhadores manuais
levou a um desemprego concentrado entre os mais pobres. Ainda que tenha havido
um esboço de recuperação da atividade econômica principalmente em função do
afrouxamento do distanciamento social, isso não significa que todo mundo está
se recuperando igualmente”.
De acordo com o
economista Cosmo Donato, da LCA Consultores as expectativas não são as melhores
para os próximos anos. Segundo o especialista a retirada de programas sociais
como o Auxílio Emergencial desaceleram ainda mais a recuperação econômica da
população mais pobre.
“O maior impacto da
pandemia sobre as famílias mais desfavorecidas ainda não será esse ano e sim
ano que vem. Mesmo que já tenha uma percepção muito ruim de 2020, infelizmente
2021 deverá ser pior. Em 2022 em diante, talvez a capacidade de crescimento da
economia brasileira não seja maior que 2% e essa agenda de crescimento é muito
importante para promover a distribuição de renda. Não podendo contar com esse
crescimento e com o governo investindo e promovendo programas sociais, isso
deve ser insuficiente para amenizar esse grande problema pelos próximos
anos.
O último
levantamento da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) do IBGE, com
dados de 2018/2019 havia apontado uma diminuição de 0,6% na pobreza brasileira.
Essas eram as pessoas que viviam com até R$ 30,25 por dia, no ano passado.
Ainda assim, sem os dados de 2020, não é mais possível afirmar que essa
estatística se mantenha atualmente após a paralisação econômica.
DEIXE UM COMENTÁRIO
Facebook