O distanciamento social imposto pela pandemia evidenciou
ainda mais a necessidade da tecnologia para promover o aprendizado. Comprovou,
também, a precariedade da conectividade no ensino público brasileiro, com
milhões de crianças e adolescentes vivendo uma realidade sem internet. Nesse
contexto, o Ministério da Educação definiu os critérios para repasse de
recursos do Programa de Inovação Educação Conectada (Piec) em 2020, para as
escolas públicas de educação básica. A portaria foi publicada no dia 2 de julho no Diário
Oficial da União.
O objetivo do programa é apoiar a universalização do acesso à internet de
alta velocidade e fomentar o uso pedagógico de tecnologias digitais na educação
básica. O desafio é grande, como mostra a pesquisa TIC Educação 2019, divulgada
um junho pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). O estudo realizado
no fim de 2019 apontou que 4,8 milhões de jovens vivem em lares sem acesso a
computador e internet no Brasil.
Os recursos do Piec são enviados anualmente aos gestores e empregados na
contratação de serviço de acesso à internet, na infraestrutura para
distribuição do sinal nas escolas e na aquisição ou contratação de dispositivos
eletrônicos. A prioridade nesta fase é a manutenção do benefício de escolas que
já recebem os recursos, mas novas instituições serão contempladas até o limite
orçamentário. Para isso, as unidades devem seguir os critérios de
elegibilidade, inclusão, classificação e confirmação, disponibilizados no Portal do Programa.
Para a inclusão no programa em 2020, as escolas devem ter mais de 14
alunos matriculados. Em primeiro lugar, a Secretaria Estadual ou Municipal de
Educação deverá ter feito adesão ao Piec e o processo de indicação de escolha
da escola é feito por meio do Sistema Integrado de Monitoramento e Controle (Simec). O restante do monitoramento
do programa é feito no PDDE Interativo, ferramentas de gestão do MEC.
Segundo os critérios de classificação no Piec, são priorizadas as escolas
com desempenho abaixo da média nacional do último resultado do Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e escolas localizadas em município de
alta vulnerabilidade socioeconômica, de acordo com o Índice de Desenvolvimento
Humano Municipal (IDH-m). Os critérios de classificação somente serão aplicados
se houver escolas novas em quantidade superior ao limite financeiro.
Para a confirmação das escolas no programa, o dirigente educacional deve
selecioná-las no Sistema Integrado de Monitoramento e Controle (Simec) e aderir
ao Sistema PDDE Interativo, ferramentas de gestão do MEC.
O Piec tem quatro pilares. A capacitação dos gestores, a oferta de
recursos educacionais, especialmente educacionais abertos, a conectividade e a
promoção do uso de dispositivos digitais nas escolas e, por fim, a formação de
professores. Segundo Daniela Costa, coordenadora da pesquisa TIC Educação,
antes de se falar em conectividade, é preciso pensar em mudança na educação
como um todo, levando em conta que a falta da tecnologia priva alunos e
professores do desenvolvimento de diversas capacidades.
“É uma mudança de paradigma, de pensar a educação não como uma transmissão
de conteúdo aos alunos, mas enquanto uma educação mais aberta, participativa
para esses estudantes”, explica. “A conectividade e o uso de tecnologias
digitais vão auxiliar professores e alunos a ter acesso a conhecimento, a
projetos, atividades mais participativas, interagir com outros contextos,
outras escolas. O uso dessas tecnologias auxilia também na compreensão sobre
essa cultura que a gente vive hoje.”
O Programa de Inovação Educação Conectada passou pela fase de indução, que
foi a construção e implantação. Agora, o Programa se encontra na segunda etapa,
a de expansão. A meta é fazer com que 85% dos alunos da educação básica tenham
acesso à tecnologia. Entre os anos de 2022 e 2024 o Ministério da Educação
espera que o programa alcance 100% dos alunos da educação básica.
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