O Ministério
Público de Santa Catarina (MPSC) firmou, na manhã desta quarta-feira (16/12),
termos de cooperação técnica com Polícia Civil, Polícia Militar, Corpo de
Bombeiros e Instituto Geral de Perícias com o objetivo de contribuir para a
resolução mais célere e efetiva de carências das estruturas de segurança
pública locais ou mesmo regionais.
Os termos foram
assinados pelo Procurador-Geral de Justiça do MPSC, Fernando da Silva Comin, e
pelos chefes ou representantes de cada um dos órgãos envolvidos: Paulo
Norberto Koerich, Delegado-Geral da Polícia Civil (Polícia Civil);
Subcomandante-Geral da PMSC, Cel. Marcelo Pontes (Polícia Militar);
Comandante-Geral Charles Alexandre Vieira (Corpo de Bombeiros Militar); e Tiago
Petry, Diretor do Instituto Geral de Perícias (IGP).
Ao assinar os
Termos de Cooperação Técnica, Comin ressaltou que "essa iniciativa é mais
uma que se soma a várias outras" e citou mais exemplos de parcerias que já
produzem resultados.
"Temos uma
tradição institucional de cooperação com a segurança pública de Santa
Catarina. O FRBL (Fundo de Reconstituição de Bens Lesados), por exemplo, tem
contribuindo historicamente no fortalecimento dos órgãos de segurança. Temos
ações como o PMSC Cidadão e o PMSC mobile", enfatizou o Procurador-Geral
de Justiça.
Antes de passar a
palavra aos demais signatários do convênio, Comin aproveitou para salientar que
a atuação integrada do MPSC com os órgãos de segurança é uma boa prática em
Santa Catarina e que se faz cada vez mais necessária devido aos novos desafios
impostos para enfrentar a criminalidade.
"A instituição
Ministério Público torna-se ator ainda mais importante na estruturação dos
nossos órgãos de segurança pública, que estão a cada dia mais testados pela
sofisticação do crime nos dias de hoje. Recentemente tivemos um evento em
Criciúma nunca antes imaginado no nosso estado. Quero aqui cumprimentar os
órgãos que estão envolvidos diretamente nesse trabalho de investigação do
assalto ocorrido em Criciúma, a Polícia Civil, a Polícia Militar e o IGP, pelos
excelentes resultados já alcançados", destacou o Chefe do MPSC.
O Delegado-Geral da
Polícia Civil e Presidente do Colegiado Superior de Segurança Pública e Perícia
Oficial do Estado de Santa Catarina também salientou a importância da
cooperação entre todos os órgãos responsáveis pela segurança pública.
"Esse é um momento histórico, não há protagonismo de pessoas, mas união de
esforços na busca de soluções de problemas", reforçou Koerich.
A partir de agora,
os Promotores de Justiça poderão destinar os recursos provenientes de
transações penais, suspensões condicionais do processo e de acordos de não
persecução penal diretamente às unidades das comarcas onde foram gerados.
Para receber os
recursos, as forças de segurança devem apresentar um projeto relacionado ao
aparelhamento e modernização da atuação finalística ou para as despesas de
custeio necessárias ao bom funcionamento das unidades que atendem a comarca ou
região, que passará pela avaliação do Promotor de Justiça responsável pela área
na comarca.
Aprovado o projeto,
os recursos serão dirigidos a uma conta bancária - específica para cada unidade
do órgão de segurança proponente de cada comarca -, e deverão ser utilizados
especificamente para o fim a que foram destinados.
"Esse termo de
cooperação técnica traz inúmeros benefícios, principalmente para o cidadão
catarinense, já que os recursos angariados pelos acordos poderão reverter
em equipamentos e serviços prestados à sociedade catarinense", avaliou
Koerich.
Para o Cel. Pontes,
o convênio é importante para valorizar o trabalho de quem atua para garantir a
segurança pública "na atividade fim, principalmente nos pequenos
municípios, que muitas vezes têm essas ações de enfrentamento à criminalidade,
desse serviço de proteção à sociedade, e a possibilidade de alguns crimes se
reverterem em recursos que ficam na própria comunidade".
O Comandante-Geral
do Corpo de Bombeiros também destacou a relevância do convênio para as
comunidades: "as comarcas locais vão poder definir os recursos para que
fiquem nos próprios quartéis, nos próprios locais onde nós estamos trabalhando,
na ponta, e isso facilita porque quem sabe a demanda local é quem comanda o
quartel naquele local, quem comanda os Bombeiros naquele local", reforçou
Vieira.
"Esse convênio
com o Ministério Público vai nos ajudar muito, porque nós teremos valores
destinados a cada uma das nossas unidades. São 31 unidades, que poderão
gerenciar esses valores e fazer compras de equipamentos e fazer investimentos
que, com certeza, irão ajudar muito na parte da perícia criminal",
complementou Petry.
Os termos de
cooperação técnica são resultado do projeto Fundo de Penas Alternativas,
desenvolvido pelo Centro de Apoio Operacional Criminal e da Segurança Pública
do MPSC (CCR), que tem entre seus objetivos facilitar o processo de destinação
das verbas oriundas de transação penal, suspensão condicional do processo e
acordo de não persecução penal pelo Promotor de Justiça.
De acordo com o Coordenador do CCR, Promotor de Justiça Jádel da Silva Júnior, "esta união de esforços entre as instituições de segurança pública e o MPSC é um marco no atendimento de uma demanda histórica dos Promotores de Justiça que sempre lutaram para que os valores oriundos em diferentes ações pudessem ser destinados a iniciativas em suas próprias comarcas, visando qualificar a prestação de serviços públicos à população local".
A cerimônia de assinatura do convênio também foi uma oportunidade para o MPSC e os órgãos de segurança pública demonstrarem união em torno da necessidade de alteração do anteprojeto da LGPD Penal, uma proposta de legislação que foi apresentada recentemente ao Congresso Nacional para regulamentar as atividades policiais e de persecução penal ajustando investigações e ações penais às mudanças introduzidas pela Lei Geral de Proteção de Dados.
Um estudo do Centro
de Apoio Operacional Criminal (CCR) do MPSC concluiu que, se o projeto for
aprovado com a redação proposta, sem modificações, o direito fundamental à
segurança pública, previsto na Constituição Federal, o combate ao crime e mesmo
a eficiência dos processos penais estarão gravemente ameaçados.
Comin conclamou
todos os presentes a iniciar um movimento em Santa Catarina para evitar que a
LGPD Penal seja aprovada sem as correções necessárias.
"Se a LGPD
penal for aprovada nos moldes atuais será um grande retrocesso não só para o
nosso Estado, mas para todo o país. Irá criar uma situação de disparidade de
armas. O crime ficará em posição privilegiada e os órgãos de segurança em
posição frágil. Estará contribuindo para a escalada do crime, que gira em
torno de um sistema de estrutura complexa de lavagem de dinheiro e agora,
também, está migrando para outras atividades, como a ocupação
clandestina", alertou o Procurador-Geral de Justiça.
O presidente do
Colegiado da Secretaria de Segurança Pública do Estado demonstrou a mesma
preocupação e manifestou apoio à iniciativa do MPSC: "temos que nos unir
frente a essa ação que pode trazer prejuízo irrecuperável para todo o nosso
país".
Um exemplo de como
a LGPD Penal pode prejudicar o combate e a prevenção ao crime, caso o texto do
anteprojeto seja aprovado como proposto, é que toda pessoa teria o direito
irrestrito de obter informações sobre como os seus dados pessoais estão sendo
usados em qualquer esfera do poder público, mesmo no caso em que ela é objeto
de uma investigação criminal. Dessa forma, "o anteprojeto promove o
prejuízo de inquéritos e investigações criminais, de medidas de prevenção e
repressão a infrações penais, atingindo de frente políticas de segurança
pública, atividades de inteligência e a direitos e liberdade de terceiros
atingidos por atividades criminosas", alerta a nota técnica.
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