A Odebrecht acelerou as negociações com os bancos credores
para evitar uma recuperação judicial depois que a Caixa Econômica
Federal (CEF) começou a executar garantias de dívidas que tem com a
construtora. A Caixa enviou notificações à empresa informando a antecipação o
vencimento de dívidas, contraídas para a execução do Itaquerão, estádio do
Corinthians, em São Paulo, e do Centrad (Centro Administrativo do
Governo do Distrito Federal), conforme antecipou o colunista do GLOBO, Lauro
Jardim. A dívida dessas obras é de R$ 440 milhões, mas a execução é de apenas
uma parte que já está vencida. As dívidas totais do conglomerado Odebrecht com
a Caixa chegam a R$ 6 bilhões.
Uma fonte próxima às negociações explica que a Caixa, diferente dos demais
bancos credores, como Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e BNDES , não
tem como garantia da dívida as ações da Braskem , petroquímica
controlada pelo grupo. Por isso, vem pressionando a Odebrecht a obter também
essas garantias. A Caixa decidiu pressionar a Odebrecht depois que a Atvos,
braço sucroalooleiro do grupo entrou com pedido de recuperação judicial no
final de maio passado.
Acontece que para oferecer os papéis da Braskem à Caixa, a Odebrecht tem
que negociar com os demais bancos, que teriam que ceder uma parte de suas
garantias. É nesse ponto que as conversas travam. As instituições receberam as
ações como garantia em 2018 ao reestruturarem as dívidas da companhia e
injetarem mais R$ 2,5 bilhões na empresa, depois que ela foi abatida pelas
investigações da operação Lava Jato.
Embora as negociações com os bancos credores esteja em andamento,
advogados da holding já estão finalizando um plano de recuperação judicial para
o grupo. A dívida total chega a R$ 80 bilhões, mas nem todo esse valor entraria
no pedido. As dívidas com os bancos Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e BNDES,
que somam R$ 12 bilhões, por exemplo, não entrariam nesta conta porque estão
garantidas pelas ações da Braskem. Ainda não há um cálculo exato de quanto do
débito entraria no pedido de recuperação, mas estima-se algo como R$ 50
bilhões.
Se as conversas com os bancos não chegarem a um bom termo, caberá ao
Conselho de Administração da empresa decidir pela recuperação, que protegeria a
holding – conhecida pela sigla ODB – da cobrança dos credores. Assim como a
negociação com os bancos está sendo acelerada, a conclusão do plano de
recuperação também ganhou mais velocidade, embora internamente o assunto venha
sendo tratado com sigilo.
A expectativa de recuperação judicial da holding cresceu depois que
fracassou a venda da Braskem para a holandesa LyondellBasell. Segundo fontes,
os holandeses desistiram com a piora da situação financeira da Odebrecht. O
pedido da Atvos, braço sucroalcooleiro da Odebrecht para entrar em recuperação
judicial foi um sinal de que outras empresas do grupo poderiam ir pelo mesmo
caminho. Em nota, a Odebrecht informou que o fim das negociações com a
LyondellBasell foi de comum acordo e que continuará buscando alternativas para
a empresa.
A Atvos entrou com um pedido de recuperação judicial com dívidas que somam
R$ 12 bilhões. O pedido foi protocolado na 1ª Vara de Falências e Recuperações
Judiciais de São Paulo e aprovado pelo juiz João de Oliveira Rodrigues Filho. A
empresa terá 60 dias para elaborar um plano de negócios. Na Atvos, O BNDES é o
maior credor, com R$ 4,1 bilhões em dívidas a receber. O Banco do Brasil tem R$
3,8 bilhões em débitos, a Caixa Econômica Federal R$ 530 milhões, o Itaú, tem
R$ 390 milhões, e o Bradesco tem R$ 260 milhões.
Em nota à imprensa, a Atvos informou que “entrou com o pedido de
recuperação judicial para preservar suas operações, garantir o equilíbrio
financeiro e reforçar o seu compromisso com os mais de 10 mil empregados”. A
empresa está sendo assessorada pelo escritório de advocacia E. Munhoz Advogados
e pela consultoria RK Partners. Ambas também auxiliam a holding na
reestruturação da dívida, que não tem tido bom resultado porque faltam projetos
para a Odebrecht.
Na ocasião do pedido da Atvos, o presidente da Odebrecht, Luciano
Guidolin, enviou comunicado aos funcionários a fim de tentar isolar o restante
do grupo da crise.
“O pedido da Atvos restringe-se a ela própria e não envolve a Odebrecht S.A, nem outras empresas”, disse.
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