Odebrecht prepara para hoje pedido de recuperação judicial

17/06/2019 - 10h15

A Odebrecht acelerou as negociações com os bancos credores para evitar uma recuperação judicial depois que a Caixa Econômica Federal (CEF) começou a executar garantias de dívidas que tem com a construtora. A Caixa enviou notificações à empresa informando a antecipação o vencimento de dívidas, contraídas para a execução do Itaquerão, estádio do Corinthians, em São Paulo, e do Centrad (Centro Administrativo do Governo do Distrito Federal), conforme antecipou o colunista do GLOBO, Lauro Jardim. A dívida dessas obras é de R$ 440 milhões, mas a execução é de apenas uma parte que já está vencida. As dívidas totais do conglomerado Odebrecht com a Caixa chegam a R$ 6 bilhões.

Uma fonte próxima às negociações explica que a Caixa, diferente dos demais bancos credores, como Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e BNDES , não tem como garantia da dívida as ações da Braskem , petroquímica controlada pelo grupo. Por isso, vem pressionando a Odebrecht a obter também essas garantias. A Caixa decidiu pressionar a Odebrecht depois que a Atvos, braço sucroalooleiro do grupo entrou com pedido de recuperação judicial no final de maio passado.

Acontece que para oferecer os papéis da Braskem à Caixa, a Odebrecht tem que negociar com os demais bancos, que teriam que ceder uma parte de suas garantias. É nesse ponto que as conversas travam. As instituições receberam as ações como garantia em 2018 ao reestruturarem as dívidas da companhia e injetarem mais R$ 2,5 bilhões na empresa, depois que ela foi abatida pelas investigações da operação Lava Jato.

Embora as negociações com os bancos credores esteja em andamento, advogados da holding já estão finalizando um plano de recuperação judicial para o grupo. A dívida total chega a R$ 80 bilhões, mas nem todo esse valor entraria no pedido. As dívidas com os bancos Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e BNDES, que somam R$ 12 bilhões, por exemplo, não entrariam nesta conta porque estão garantidas pelas ações da Braskem. Ainda não há um cálculo exato de quanto do débito entraria no pedido de recuperação, mas estima-se algo como R$ 50 bilhões.

Se as conversas com os bancos não chegarem a um bom termo, caberá ao Conselho de Administração da empresa decidir pela recuperação, que protegeria a holding – conhecida pela sigla ODB – da cobrança dos credores. Assim como a negociação com os bancos está sendo acelerada, a conclusão do plano de recuperação também ganhou mais velocidade, embora internamente o assunto venha sendo tratado com sigilo.

A expectativa de recuperação judicial da holding cresceu depois que fracassou a venda da Braskem para a holandesa LyondellBasell. Segundo fontes, os holandeses desistiram com a piora da situação financeira da Odebrecht. O pedido da Atvos, braço sucroalcooleiro da Odebrecht para entrar em recuperação judicial foi um sinal de que outras empresas do grupo poderiam ir pelo mesmo caminho. Em nota, a Odebrecht informou que o fim das negociações com a LyondellBasell foi de comum acordo e que continuará buscando alternativas para a empresa.

A Atvos entrou com um pedido de recuperação judicial com dívidas que somam R$ 12 bilhões. O pedido foi protocolado na 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo e aprovado pelo juiz João de Oliveira Rodrigues Filho. A empresa terá 60 dias para elaborar um plano de negócios. Na Atvos, O BNDES é o maior credor, com R$ 4,1 bilhões em dívidas a receber. O Banco do Brasil tem R$ 3,8 bilhões em débitos, a Caixa Econômica Federal R$ 530 milhões, o Itaú, tem R$ 390 milhões, e o Bradesco tem R$ 260 milhões.

Em nota à imprensa, a Atvos informou que “entrou com o pedido de recuperação judicial para preservar suas operações, garantir o equilíbrio financeiro e reforçar o seu compromisso com os mais de 10 mil empregados”. A empresa está sendo assessorada pelo escritório de advocacia E. Munhoz Advogados e pela consultoria RK Partners. Ambas também auxiliam a holding na reestruturação da dívida, que não tem tido bom resultado porque faltam projetos para a Odebrecht.

Na ocasião do pedido da Atvos, o presidente da Odebrecht, Luciano Guidolin, enviou comunicado aos funcionários a fim de tentar isolar o restante do grupo da crise.

“O pedido da Atvos restringe-se a ela própria e não envolve a Odebrecht S.A, nem outras empresas”, disse.


  • por
  • Jornal Regional



DEIXE UM COMENTÁRIO

Facebook