O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids
(Unaids) divulgou nesta terça (16) que cerca de 1,7 milhão de pessoas em todo o
mundo foram infectadas pelo vírus em 2018 – uma redução de 16% em relação a
2010. O documento Atualização Global sobre a Aids – Comunidades no centro revela
que a queda foi impulsionada principalmente por progressos no leste e no sul da
África.
O estudo, lançado em Genebra,
na Suíça, e em Eshowe, na África do Sul, alerta, entretanto, que, enquanto
alguns países têm avanços acentuados, outros observam o aumento de novas
infecções pelo vírus e de mortes relacionadas à aids. O relatório aponta ainda
uma desaceleração na redução de novas infecções por HIV.
“A epidemia do HIV pôs em foco
muitas falhas da sociedade. Onde há desigualdades, desequilíbrios de poder,
violência, marginalização, tabus, estigma e discriminação, o HIV toma conta”,
avalia a diretora do Unaids, Gunilla Carlsson.
Segundo o documento, o
panorama da epidemia no mundo está mudando: em 2018, mais da metade de todas as
novas infecções por HIV foram em pessoas que integram as chamadas
populações-chave, que incluem profissionais do sexo, pessoas que usam drogas,
homens gays, homens que fazem sexo com homens, transexuais e presidiários – e
seus parceiros.
Globalmente, as novas
infecções por HIV entre mulheres jovens (com idade entre 15 e 24 anos) caíram
25% entre 2010 e 2018.
“Esta é uma boa notícia, mas,
é claro, continua a ser inaceitável que 6 mil meninas adolescentes e mulheres
jovens sejam infectadas pelo HIV toda semana. A saúde sexual e reprodutiva e os
direitos das mulheres e jovens muitas vezes ainda são negados”, aponta Gunilla
Carlsson.
Países de língua portuguesa
O estudo inclui avanços para
que se tenha, até 2020, 90% das pessoas com HIV devidamente diagnosticadas, 90%
delas realizando tratamento com antirretrovirais e, deste grupo, 90% com carga
viral indetectável.
No primeiro indicador, Brasil,
Cabo Verde e Portugal cumpriram ou estão a caminho de cumprir a meta. Os dois
últimos países também estão em vias de alcançar o segundo indicador.
O Brasil é citado como o único
país em vias de cumprir o objetivo de alcançar 90% de pessoas com carga viral
indetectável, o que indica sucesso do método terapêutico aplicado no país.
A Guiné-Bissau é mencionada no
estudo pelo alto número de mulheres que vivem com deficiência com maior
probabilidade de serem soropositivas do que homens na mesma situação.
Moçambique é citada pelo
sucesso em ações com base na comunidade, que podem resultar na garantia de
direitos à saúde em um país de baixa renda com uma das maiores epidemias de HIV
do mundo e vários desafios de saúde pública. Os recentes ciclones e o efeito no
sistema de saúde são apontados no relatório, que cita outros agravantes como
pobreza extrema, acesso desigual, escassez e fraca presença de provedores de
serviços de saúde.
Já Angola é um dos sete países
onde o número de infeções aumentou em crianças.
Populações
O documento mostra que as
populações-chave e seus parceiros sexuais representam atualmente 54% das novas
infecções pelo HIV no mundo. Em 2018, o grupo respondia por 95% delas, enquanto
as regiões que precisavam de maior atenção eram Europa Oriental e Central,
Oriente Médio e Norte da África.
O estudo revela ainda que
menos de 50% das populações-chave foram atingidas com serviços combinados de
prevenção ao HIV, problema relatado em mais da metade dos países pesquisados.
Segundo o Unaids, isso seria um indicativo de que elas estão sendo
marginalizadas e deixadas para trás na resposta ao HIV.
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