Os alertas do ‘Setembro Amarelo’ e a saúde mental

Daniela Filipini – Psicóloga Clínica

Daniela Filipini – Psicóloga Clínica

28/09/2022 - 12h32

O Setembro Amarelo é uma campanha de prevenção em saúde mental, que busca conscientizar a sociedade sobre o Suicídio.

O suicídio é resultado de um adoecimento psicológico de origem multifatorial, ou seja, não existe uma única causa ou problema que leve a pessoa a pensar em cometer suicídio. O sofrimento é algo muito subjetivo – um fato que abala profundamente uma pessoa pode não abalar outra pessoa da mesma forma, pois somos seres únicos e enfrentamos as adversidades da vida conforme nossa história e recursos pessoais. Geralmente, a tentativa de suicídio ou o próprio suicídio ocorre em um momento de crise, com pessoas que estão adoecidas e em sofrimentos extremos.

Na sociedade de modo geral, temas relacionados a morte são tabus, ou seja, assuntos que as pessoas evitam falar devido algum desconforto relacionado. Apesar desse “evitamento”, as campanhas de conscientização ressaltam a importância em falar sobre o assunto visando ajudar as pessoas em sofrimento. No entanto, não basta apenas salientar o assunto – é necessário que aprendamos a acolher e ajudar as pessoas que estão em sofrimento.

Devido ao despreparo relacionado às questões psicológicas, as pessoas tendem a invalidar o sofrimento expresso, com respostas como  “não pense nisso, não fale nisso, você tem que ser forte, tente olhar o lado bom das coisas, pense positivo”, entre outras – apesar da boa intenção, essa atitude não é acolhedora e pode levar a pessoa a reprimir suas emoções novamente.

A pessoa sempre dá sinais de que está em sofrimento, identifica-los, porém, é algo complexo. Na dúvida, perguntar à pessoa se ela está passando por alguma dificuldade e precisa de ajuda já é uma forma de ajudar. Devemos nos atentar a sinais como:

  • tristeza profunda e duradoura;
  • falas como “eu sou inútil, não tenho valor, ninguém sentiria minha falta, tenho vontade de sumir, vou desistir de tudo” e semelhantes;
  • sensação de não ter saída;
  • mudanças de comportamento;
  • isolamento social;
  • autolesão;
  • perda de prazer ou energia para atividades antes satisfatórias;
  • abandono de planos futuros;
  • atitudes arriscadas (colocar-se em perigo, negligenciar sua segurança);
  • pensamentos recorrentes sobre a própria morte.

Os sinais só indiciam um sofrimento profundo quando são um somatório, ou seja, quando há mais de um sinal presente. Geralmente, quando os sinais são percebidos, a pessoa encontra-se em sofrimento a longo prazo.

Se você perceber que alguém pode estar em sofrimento, ouça a pessoa com calma e atenção, tenha atitude de respeito e acolhimento. Não existe uma receita ou passo a passo quanto a isso. O mais importante é que a pessoa sinta que você se importa de verdade e que quer ajudar – diga isso a ela, ajude-a a buscar ajuda profissional e, se sentir que ela pode fazer algo contra si, contate alguém de confiança da pessoa (de preferência um familiar próximo) para auxiliar nos cuidados e não a deixe sozinha.

Se a pessoa está em crise, é imprescindível não deixa-la sozinha, afasta-la de objetos e locais que ofereçam risco e buscar atendimento especializado.

É importante lembrar:

  • Instituições como empresas e escolas devem planejar atividades de conscientização e, além disso, manter sempre um olhar atento sobre as demandas das pessoas ali inseridas, buscando acolhê-las da melhor forma possível.
  • Cada pessoa que morre por suicídio afeta inúmeras outras pessoas, que irão sofrer essa perda muitas vezes de forma solitária, por não encontrar acolhimento na sociedade. Por isso, se você sofreu uma perda por suicídio, busque ajuda!
  • Se você sente que está em sofrimento e se identifica com alguns dos sinais relatados, procure ajuda!

Onde buscar ajuda:

  • Postos de saúde
  • Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)
  • Pronto Socorro
  • Unidades de Pronto Atendimento (UPA)
  • SAMU – disque 192
  • Corpo de Bombeiros  - disque  193
  • Centro de Valorização da Vida (CVV) – disque 188

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  • por
  • Jornal Regional
  • FONTE
  • Hospital Regional Terezinha Gaio Basso de São Miguel do Oeste | Daniela Filipini – Psicóloga Clínica (CRP 12/15522) | Diretor Técnico - Vinicius Negri Dall’Inha - Cirurgião Oncológico – CRM 15904 / RQE 13771



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