Bolsonaro recebeu os presidentes da Câmara, do Senado e do STF no Palácio da Alvorada nesta terça-feira(Foto: Marcos Corrêa/PR)
O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou nesta terça-feira (28) que os presidentes de Executivo, Legislativo e Judiciário assinarão uma espécie de pacto com metas e intenções em resposta às reivindicações feitas durante as manifestações de rua do final de semana.
Em reunião promovida na manhã desta terça-feira (28) no Palácio da Alvorada, um texto inicial foi discutido pelo presidente Jair Bolsonaro com os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, do Senado, Davi Alcolumbre, e do Supremo Tribunal Federal (STF), José Dias Toffoli. Segundo Onyx, ele inclui, por exemplo, a aprovação da reforma da Previdência.
— O Brasil precisa de harmonia e entendimento entre todos os poderes de representação da sociedade brasileira — defendeu Onyx. — Os poderes têm de dialogar a favor do Brasil. Da reunião, consolida-se a ideia de que se formalize um pacto de entendimento.
Segundo ele, a ideia é a de que o documento final seja assinado em 10 de junho, no Palácio do Planalto. O esboço inicial do documento foi proposto por Toffoli no início deste ano.
— Estamos confiantes de que o Congresso vai aprovar a reforma (da Previdência). Eu acho que as manifestações confirmam a ideia de que o povo que mudanças — disse Guedes.
— Ao contrário, foi um café da manhã excelente, um ambiente ótimo. Não há esse antagonismo, estamos buscando melhorar o país. Foi um clima excelente.
Rodrigo Maia afirmou que irá se reunir com líderes partidários para decidir sobre a assinatura do pacto.
— Eu preciso respaldar minha decisão ouvindo os líderes e tendo pelo menos a maioria dos líderes para assinar esse pacto em nome da Câmara dos Deputados — afirmou Maia após reunião com Paulo Guedes. — Vou levar agora aos líderes para que os líderes leiam e tenham de acordo para que eu possa dia 10 assinar esse documento — disse o presidente da Câmara.
Ele também reforçou a necessidade de que a reforma da Previdência seja aprovada ainda neste primeiro semestre no plenário da Casa. Para isso, afirmou que pediu que o relator Samuel Moreira (PSDB-SP) entregue seu voto no dia 15 de junho. Líderes partidários, porém, veem com ceticismo a possibilidade de aprovação da mudança de regras de aposentadoria com tanta celeridade.
"Terceiro pacto republicano"
Na segunda-feira (27), a Folha de S.Paulo teve acesso à ultima versão do texto do pacto. Ela fala sobre um "terceiro pacto republicano pela realização de macrorreformas estruturais" e prega "a colaboração efetiva dos três poderes" para o avanço de reformas consideradas "fundamentais para a retomada do desenvolvimento do país".
O texto elenca cinco temas como prioritários: as reformas previdenciária e tributária, a revisão do pacto federativo, a desburocratização da administração pública e o aprimoramento de uma política nacional de segurança pública.
— Todos querem construir um caminho, como a gente diz, que possa passar o portal do equilíbrio fiscal e, aí, ir para o caminho da prosperidade que é o que todos nós desejamos — disse chefe da Casa Civil.
O encontro desta terça-feira (28) foi convocado por Bolsonaro após ele ter estimulado as manifestações do domingo, que fizeram críticas tanto ao Legislativo como ao Judiciário. Segundo assessores palacianos, o objetivo foi tentar diminuir o mal-estar criado pelo presidente.
O aceno de Bolsonaro aos chefes do Legislativo e do Judiciário ocorre em meio a um clima de desconfiança entre as partes. O presidente, avaliam integrantes dos outros dois Poderes, tem emitido uma série de sinais trocados sobre a relação que pretende estabelecer com o Congresso e com o Supremo.
Em suas redes sociais, Bolsonaro compartilhou no domingo vídeos de protestos no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e no Maranhão. Um deles mostra um manifestante defendendo a CPI da Lava Toga, cujo propósito é investigar ministros de Cortes Superiores.
A avaliação do núcleo pragmático do Palácio do Planalto, formado pela cúpula militar e pela equipe econômica, é de que o endosso do presidente às manifestações aumentou o desgaste na relação do Executivo com o Legislativo e com o Judiciário.
No Congresso
Medidas provisórias - 8 MPs perdem a validade se não forem aprovadas nesta semana. Entre elas está a da reforma administrativa, que definiu a atual configuração da Esplanada.
Reforma da Previdência - Principal pauta do governo, a reforma caminha a passos lentos na Câmara, e o centrão já estuda enviar projeto próprio para a Previdência.
No STF
Decreto das armas - O decreto de Bolsonaro que amplia o porte e a posse de armas está sendo questionado no STF por extravasar, mesmo depois de alterado, os limites estabelecidos pelo Estatuto do Desarmamento.
Extinção dos conselhos - O mesmo acontece com o decreto que extinguiu colegiados da administração federal, questionado no tribunal por violar o princípio democrático da participação popular.
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