O Ministério da
Saúde já trabalha para garantir a imunização contra o novo
coronavírus para a população brasileira. Na última semana, o órgão apresentou
um plano prévio com estratégias de vacinação contra a Covid-19, fruto de uma
parceria com o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e o Conasems
(Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde).
O plano, que ainda
está em construção, tem como objetivo reduzir a transmissão e o número de
mortes no país por causa da doença. Inicialmente, a estratégia é vacinar todos
os profissionais de saúde e as populações de maior risco, como os idosos e as
pessoas que têm comorbidades ou doenças crônicas, entre elas o diabetes e as
cardiopatias.
Para Julival
Ribeiro, médico infectologista e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia
(SBI), é muito importante que o governo se prepare o quanto antes na elaboração
de um plano para vacinação da população. No entanto, ele destaca que até lá é
preciso ter paciência.
“Nós temos que
manter as medidas preventivas (como lavar as mãos com água e sabão, higienizar
com álcool em gel, usar máscaras). Não sabemos ainda quando essa pandemia vai
acabar. O mais importante em relação à vacina é que todos nós tenhamos
paciência, porque precisamos de algo seguro”, avalia.
O plano
Por hora, não há um
cronograma de vacinação como ocorre nas campanhas de imunização contra o vírus
Influenza, causador da gripe, por exemplo. Isso porque a ampliação da vacinação
a outros grupos depende do aumento da disponibilidade de doses.
O Ministério da
Saúde tem um acordo com a farmacêutica AstraZeneca e a
Universidade de Oxford para aquisição de 100 milhões de doses da vacina contra
a Covid-19. A vacina está em fase de ensaio clínico e conta com a participação
de 5 mil voluntários no país — a Anvisa autorizou os testes em mais 5 mil
pessoas há duas semanas.
Como o Brasil
acompanha os estudos por uma vacina eficaz e segura contra o novo coronavírus,
o plano pode sofrer algumas atualizações, conforme as evidências e avanços do
conhecimento. Até lá, ao menos, as instituições que vão participar desse
processo estão definidas. Entre elas, estão a Anvisa, os laboratórios da
Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e Butantan, além de diversas sociedades
médicas.
O infectologista
Julival Ribeiro destaca a experiência do país com estratégias de vacinação, mas
alerta para as dificuldades que podem surgir com a distribuição de um novo
imunizante. “O Brasil é um dos melhores países do mundo em relação à campanhas
de vacinação. Portanto, ele já tem logística para realizar também a
aplicabilidade da vacina para a Covid. Entretanto, vale lembrar que nós somos
um país continental e que não é fácil você de uma hora pra outra fazer essa
distribuição”, ressalta.
O plano prevê um
esforço de comunicação dos atores envolvidos em uma campanha de vacinação para
atingir a sociedade. Pontos como a importância da vacinação, quais os critérios
para a escolha de uma população prioritária, como, quando e onde a vacina
estará disponível e segurança do imunizante devem ser reforçados.
Francieli Fontana,
coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), também levantou
aspectos que ainda precisam de esclarecimento: quando uma vacina segura estará
disponível, duração da proteção, se precisará de mais de uma dose, se mais de
uma vacina será adquirida, entre outros.
“Nós precisaremos
orientar a população sobre a importância de se vacinar. Temos tido movimentos
antivacina, de fake news, e essa comunicação vai ser imprescindível para termos
sucesso na estratégia de vacinação”, afirma.
Estágio
Atualmente, 149
vacinas candidatas estão em avaliação pré-clínica no mundo. No Brasil, além da
vacina de Oxford, o imunizante do laboratório chinês Sinovac, em testes em mais
nove mil voluntários no país, também está na última fase antes da aprovação da
Anvisa.
Nesta quarta-feira
(30), o governador de São Paulo fechou acordo para compra de 46 milhões de
doses da vacina, que é desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com os
chineses. Segundo ele, a ideia é começar a campanha para os profissionais de
saúde do estado em 15 de dezembro.
Francieli Fontana
reforçou em reunião ordinária, na última semana, que o país acompanha os
imunizantes que estão em andamento.
“Essas vacinas
estão sendo estudadas pelo Programa Nacional de Imunizações junto a um grupo de
especialistas, para que nós tenhamos subsídios no momento de aderir a uma
vacina com eficácia e segurança adequada e poder definir um grupo prioritário
de vacinação”, diz.
Estrutura
O Brasil já conta
com o PNI e uma estrutura e tradição consolidadas para a aplicação de vacinas
em escala nacional. Neste ano, por exemplo, mais de 75 milhões de doses contra
a gripe foram distribuídas para estados e municípios. Ao todo, são mais de 38
mil salas de vacina, de acordo com o Ministério da Saúde.
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