A presidente da Câmara de Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, anunciou nesta terça-feira (24)
a abertura de um inquérito formal de impeachment contra o presidente Donald Trump.
Esse pedido é o primeiro passo concreto entre as
diversas tentativas dos democratas de iniciarem um processo de impedimento do
presidente, republicano, desde o início de seu mandato.
A acusação é de que ele violou a lei ao tentar
recrutar um poder estrangeiro para interferir a seu favor na eleição de 2020.
"O Presidente deve ser responsabilizado. Ninguém está acima da lei",
afirmou Pelosi em uma declaração na TV.
Após o anúncio, Trump usou o Twitter para se
manifestar contra o que chamou de nova "caça às bruxas", mesmo termo
que usava na época da investigação sobre a Rússia do procurador especial Robert
Mueller.
"Em um dia tão importante nas Nações Unidas,
tanto trabalho e tanto sucesso, e os democratas propositalmente tinham de
arruinar e degradar com mais notícias do lixo da caça às bruxas. Péssimo para
nosso país!", escreveu.
Também após o anúncio, os índices de Wall Street
terminaram os negócios em queda.
Em 25 de julho, Trump teria pedido ao presidente da
Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que colaborasse com seu advogado pessoal, Rudolph
Giuliani, em uma investigação sobre Hunter Biden – filho do ex-vice-presidente Joe Biden – que integrou o conselho de uma empresa
de gás ucraniana.
Segundo um agente de segurança do governo americano
que revelou o conteúdo da conversa, Trump disse oito vezes a Zelensky que ele
deveria colaborar com essa investigação. Em entrevista à CNN, Giuliani admitiu
que houve pressão à Ucrânia. "Claro que fiz isso", afirmou. E, em
seguida, comentou no Twitter que Trump agiu corretamente no telefonema.
A ligação ocorreu no momento em que a Ucrânia
aguardava a aprovação de um pacote de ajuda militar dos EUA no valor de US$ 250
milhões. A verba foi ratificada no mês seguinte pelo Congresso, mas suspensa
logo depois pela Casa Branca, conforme informa a colunista Sandra
Cohen.
Joe Biden é o principal pré-candidato democrata às
eleições presidenciais de 2020 e lidera as pesquisas de opinião, sendo
considerado a principal ameaça a uma reeleição de Donald Trump.
Segundo a rede CNN, o filho de Joe Biden, Hunter
Biden, trabalhou na empresa ucraniana Burisma Holdings –que, de fato, esteve
sob investigação. Não houve, entretanto, nenhuma revelação de que o filho do
pré-candidato democrata tivesse participado do esquema de corrupção que levou à
queda de um procurador da Ucrânia em 2016.
Conteúdo do telefonema
Inicialmente, Trump se recusou a comentar o conteúdo da
conversa com o presidente ucraniano, afirmando apenas que teve uma
"conversa apropriada, como sempre". "Não interessa o que eu
discuti", disse, na sexta-feira.
Depois, ele admitiu que falaram sobre Biden. "A
conversa que tive foi principalmente congratulatória, principalmente sobre
corrupção, toda a corrupção acontecendo e principalmente sobre o fato de que
não queremos nosso povo, como o vice-presidente Biden e seu filho, criando a
corrupção que já existe na Ucrânia", disse.
Nesta terça, porém, após dias de pressão para que
divulgasse a transcrição do diálogo, ele cedeu. Pelo Twitter, Trump afirmou que
o teor do telefonema poderá ser divulgado na
quarta-feira de forma "completa, sem nenhuma classificação e sem
edição".
"Vocês vão ver que foi uma ligação muito amigável
e completamente apropriada. Nenhuma pressão e, diferentemente de Joe Biden e
seu filho, sem quiproquó!", escreveu Trump.
Impeachment
Antes contrário a um pedido de impeachment, o presidente
democrata do Comitê de Inteligência da Câmara dos Deputados, Adam Schiff, deu a
entender no programa "State of the Union", da CNN, que o caso poderia
fazer com que mudasse de ideia. "Se o presidente está essencialmente
retendo ajuda militar ao mesmo tempo em que está tentando coagir um líder estrangeiro
a fazer algo ilícito, a fornecer sujeira sobre seu oponente durante uma
campanha presidencial, então este pode ser o único remédio que é equivalente ao
mal que essa conduta representa", disse Schiff.
Mas, embora o Partido Democrata tenha maioria na Câmara, o pedido de um
processo de impeachment também precisa ser aprovado pelo Senado, de maioria
republicana, onde o cenário é mais favorável ao presidente Trump.
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