Pesquisadora Loise Silva destaca tratamento intravesical. Foto: Ascom/Senil/Fapesc
O Programa Centelha significa a possibilidade de projetos
inovadores se concretizarem. A primeira edição do evento, em 2019, fomentou
financeiramente novos empreendimentos e ofereceu consultorias e mentorias para
contribuir com as propostas selecionadas, como a Senil – Plataforma de
Diagnóstico Precoce de Alzheimer, de Joaçaba; e a Iaso Biodelivery, de
Florianópolis, que desenvolve um implante intravesical para o tratamento da
bexiga hiperativa.
Aos interessados em receber fomento para seus projetos, a boa
notícia é que a segunda edição do Centelha está com inscrições abertas até 23
de fevereiro. Para esta edição, o investimento será de R$ 3 milhões e vai
contemplar 50 empresas com até R$ 60 mil cada e mais uma bolsa de R$ 32,4 mil,
além de mentorias.
As inscrições devem ser feitas no site www.programacentelha.com.br/sc.
As dúvidas serão respondidas no e-mail centelha@fapesc.sc.gov.br.
O Programa Centelha é realizado pelo Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovações (MCTI) e pela Financiadora de Estudos e Projetos
(Finep), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq), o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à
Pesquisa (Confap) e a Fundação Certi. Em Santa Catarina, é executado pela
Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina
(Fapesc).
Tecnologia para detecção do Alzheimer
Segundo dados da Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz),
no país há cerca de 1,2 milhão de casos da doença, a maior parte deles ainda
sem diagnóstico. Para auxiliar a detecção da enfermidade, uma startup de
Joaçaba propôs a Senil uma plataforma que vai auxiliar o usuário no dignóstico
do Alzheimer e no retardo evolutivo da doença.
A empresa faz parte da Agência de Inovação e Relações
Institucionais (Agir) da Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc). A
CEO, Sinara Vieira Saticq, explica que na plataforma o programa de computador
chatbot fará o papel do profissional de saúde na aplicação do questionário,
enquanto a visão computacional identifica as ações propostas e a plataforma
busca o “score inteligente”, com o objetivo de garantir a credibilidade dos
diagnósticos realizados.
“Os casos de diagnósticos positivos, deverão ser encaminhados
aos profissionais de saúde para tratamento. A plataforma também poderá ser
complementada por outros testes e metodologias já validadas, para assim manter
o acompanhamento evolutivo do quadro. A plataforma é direcionada para idosos,
mas nada vai impedir de qualquer pessoa utilizá-la”, afirma Sinara.
Segundo Sinara, o Programa Centelha foi fundamental para que
a ideia saísse do papel. “Através do Centelha, conseguimos constituir nossa
empresa, contratar profissionais para desenvolver nossa plataforma. Além disso,
o programa proporcionou que o público tivesse conhecimento da nossa plataforma,
que estará disponível em breve”, afirma. E a empresa já vislumbra o futuro, com
escalabilidade e a inclusão de novas ferramentas de diagnóstico para outras
demências.
Soluções em saúde
A Iaso Biodelivery, que está no Centro Empresarial para
Laboração de Tecnologias Avançadas (Celta), em Florianópolis, desenvolve
soluções em saúde através da tecnologia de implantes com liberação de fármacos,
considerada uma estratégia inovadora para soluções em saúde. Com o auxílio do
Programa Centelha, a startup está desenvolvendo um implante intravesical para
tratamento de bexiga hiperativa, que atinge 14% da população acima dos 50 anos,
especialmente mulheres.
De acordo com a pesquisadora da Iaso Biodelivery, Loise
Silva, os tratamentos atuais possuem uma baixa adesão devido aos efeitos
colaterais do uso via oral da medicação e a ideia é que, com a administração
intravesical e controlada da substância, não haja efeitos colaterais como os
que ocorrem atualmente, aumentando assim a eficácia e a adesão ao tratamento
pelos pacientes.
“O dispositivo em desenvolvimento será inserido no interior
da bexiga do paciente e, quando em contato com a urina, fará a liberação
controlada do fármaco que será absorvido pelas paredes da bexiga, atuando sob
os sintomas da doença. A liberação do fármaco ocorrerá por mais de período
superior a 180 dias”, explica.
Segundo Loise, a Iaso pretende acessar a indústria farmacêutica,
tanto através da comercialização direta dos implantes para médicos e pacientes,
quanto da venda da tecnologia para empresas que já atuam no mercado
farmacêutico e de dispositivos médicos.
“O Centelha foi essencial para o progresso do projeto. A
participação no programa viabilizou o desenvolvimento do protótipo do implante,
a evolução da sua geometria com base nas etapas da fabricação, características
da matéria prima e das exigências da anatomia humana. O Centelha foi de suma
importância também por disponibilizar recursos para a contratação de um
pesquisador para atuar no desenvolvimento do projeto em conjunto com a equipe”.
Incentivo à inovação
O presidente da Fapesc, Fábio Zabot Holthausen, enfatiza que
o principal objetivo do Programa Centelha é oportunizar a criação de novos
negócios com foco em áreas estratégicas e na solução de demandas da sociedade
catarinense. “A Fapesc estimula os empreendedores de todas as regiões de Santa
Catarina a submeterem suas propostas para que tenhamos a inovação capilarizada
por todo o estado”, ressalta.
Para a gerente de Tecnologia e Inovação da Fapesc, Gabriela
Botelho Mager, o Centelha é um dos programas mais esperados pelo ecossistema e
visa promover empreendimentos recém-criados ou que ainda serão abertos durante
o processo de avaliação e seleção do edital.
“A primeira edição do programa foi um sucesso e, pela grande
procura, ampliamos o número de propostas a serem selecionadas, para 50, além de
incluir uma bolsa cada. Nosso objetivo é selecionar as propostas de produtos ou
processos com maior potencial inovador, que incorporem novas tecnologias, mesmo
que os projetos ainda estejam em fase inicial de uma ideia. Sendo selecionado,
o beneficiário passará por capacitações para o desenvolvimento de seu
empreendimento”, explica Gabriela.
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