Um projeto que
espera votação na Câmara dos Deputados pode dobrar tanto a validade da
habilitação como os pontos necessários para a suspensão da carteira. Se o PL
for aprovado, o documento passa a valer por 10 anos, em vez de cinco, para quem
tem menos de 50 anos. Já os pontos na carteira necessários para a suspensão
passam de 20 para 40, no caso de quem não tiver cometido infração gravíssima.
Para o senador Ciro
Nogueira (PP-PI), relator do texto, como projetos de lei aumentaram a gravidade
de certas infrações nos últimos anos, tornou-se necessário aumentar o limite de
pontos na carteira.
“É necessário
ponderar que o Congresso vinha aumentando a gravidade de algumas categorias de
multas, o que tornou o atingimento desse limite um fato muito trivial nos dias
de hoje”, defendeu.
O projeto também
torna mais leve a punição para quem cometeu infração leve ou média e não seja
reincidente em 12 meses. Nesse caso, em vez de multa, o motorista pode ser
punido apenas com uma advertência. Para Ciro Nogueira, as mudanças diminuem o
número de processos que os órgãos de trânsito precisam executar.
“De fato, quanto
mais pudermos reduzir a carga burocrática sobre o Estado brasileiro, mais
reduziremos o chamado ‘custo Brasil’, o que trará reflexo positivo no emprego
no nosso país”, argumenta o parlamentar.
As mudanças não são
consenso entre os especialistas em trânsito. Muitos avaliam que flexibilizar a
punição pode acabar incentivando comportamentos de risco.
“Falar ao celular,
excesso de velocidade e bebida são os três fatores de maior risco de acidente.
Dois deles estão tendo a punição flexibilizada: falar ao celular e exceder em
até 20% a velocidade da via. Essas duas infrações, o motorista vai ter que ser
flagrado cometendo o dobro de vezes para ter a carteira suspensa”, analisa o
doutor em transporte e professor da Estácio Brasília, Artur Morais.
A lei também
flexibiliza a obrigatoriedade de se usar o farol baixo em rodovias. De acordo
com a proposta, a medida só vai ser necessária em rodovias de pista simples.
Além disso, os novos veículos precisam vir, de fábrica, com luzes de rodagem
diurna.
Por outro lado, o
texto pode tornar lei a obrigatoriedade do uso da cadeirinha para crianças
menores de 10 anos. A regra já existe em normas infralegais, mas agora pode ser
registrada em lei. Também passa a ser regulado o uso dos corredores de
motociclistas, que é quando as motos passam entre as faixas, entre os carros.
De acordo com a regra, quando há mais de duas faixas, os motociclistas devem
pegar a faixa mais à esquerda.
Cadastro positivo
Outra novidade
trazida no projeto é a criação de um cadastro positivo, que vai beneficiar motoristas
que cumprirem as boas práticas no trânsito. O Registro Nacional Positivo de
Condutores (RNPC), a ser administrado pelo Departamento Nacional de Trânsito
(Denatran), vai cadastrar os motoristas que não tiverem cometido infração nos
últimos 12 meses. Cada ente da federação poderá definir como premiar esses
motoristas, dando benefícios fiscais.
“Quem sabe com a
existência de benefícios para bons motoristas, os infratores contumazes revejam
seu comportamento”, questionou Artur Moraes.
Como o projeto sofreu
alteração no Senado, antes de começar a valer, o PL precisa passar novamente
pela Câmara antes de ir para a sanção do presidente.
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