A comissão especial que analisa o texto da reforma
tributária na Câmara dos Deputados recebeu, nesta terça-feira (17),
representantes dos principais setores da economia do país. Durante as discussões,
o gerente-executivo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria
(CNI), Flávio Castelo Branco, afirmou que o modelo atual de arrecadação de
impostos no Brasil contribui para a estagnação da produção industrial e
enfraquece a competitividade dos produtos nacionais nos mercados interno e
externo.
“As vendas do varejo mais que dobraram, mas a produção da indústria não acompanhou isso. Ela vem perdendo fôlego. Isso causa um problema e uma das razões, na nossa avaliação, é que temos um problema de competitividade. Esse problema é muito associado ao sistema tributário brasileiro”, apontou.
Segundo Pinheiro, o sistema de arrecadação de impostos atual causa injustiça tributária porque onera mais o setor industrial, em comparação a outros segmentos.
O assessor jurídico da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Dalton
Miranda, se dirigiu aos parlamentares da comissão especial da reforma
tributária e salientou que a burocracia precisa ser enfrentada no novo sistema.
Para o representante do agronegócio, o modelo de cobrança de impostos, hoje,
gera gastos excessivos aos produtores.
“Envolve uma demanda e um trabalho enorme do produtor. Eu acredito que
isso não seja apenas para o agronegócio, mas também para serviços e indústria.
Questiona-se sempre o que deve ser pago e quando deve ser pago. Isso gera
dificuldade para o produtor. É uma pedra no caminho”, pontuou Miranda.
O relator da proposta, deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP-PB),
ressaltou que a simplificação tributária precisa avançar para que o país volte
a criar um ciclo econômico, com geração de emprego e renda. O parlamentar
considera que o posicionamento dos setores econômicos deve ser levado em conta
na construção do texto da reforma.
“O prolongamento do sistema de tributação atual é muito danoso para todos
nós enquanto Federação, isso precisa ser corrigido. Cada setor está trazendo
suas peculiaridades, suas demandas. Elas são legítimas. Há uma sincronia entre
o sentimento do setor produtivo e do Parlamento no sentido de reformar”,
salientou Ribeiro.
O prazo para entrega de emendas ao texto da reforma tributária, de autoria
do deputado Baleia Rossi (MDB-SP), termina na próxima quinta-feira (26), na
comissão especial. O cronograma de trabalho do colegiado prevê que a entrega do
relatório final ocorra em 8 de outubro.
PEC 45/2019
A PEC 45/2019 tem por objetivo simplificar o modelo de arrecadação do país, sem que os governos percam dinheiro com os impostos.
No Senado, outra proposta de reforma tributária (PEC 110/2019) está em
análise na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). O texto que
passa por análise dos senadores é baseado no projeto do ex-deputado Luiz Carlos
Hauly, apresentado e discutido na Câmara durante o governo de Michel Temer. A
matéria pretende reunir 10 tributos cobrados atualmente em apenas dois: o
Imposto Sobre Bens e Serviços, o IBS, e o Imposto Seletivo, o IS.
A proposta prevê a extinção do IPI, IOF, CSLL, PIS, Pasep, Cofins e Cide
Combustíveis, de arrecadação federal; o ICMS, de competência dos estados; e o
ISS, de âmbito municipal, além do Salário-Educação, repartido entre o Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), estados e municípios. Nessa
PEC, as regras de arrecadação e partilha dos novos impostos serão únicas para
União, estados, municípios e Distrito Federal. O IBS incidirá sobre operações
de bens e serviços, terá alíquota padrão e será cobrado no estado de origem. O
valor arrecadado será destinado ao ente de destino do bem ou serviço.
Já o IS será um tributo de competência da União cobrado em operações
financeiras na área de petróleo e derivados, combustíveis e lubrificantes de
qualquer origem, gás natural, cigarros, bebidas alcoólicas e não alcoólicas,
energia elétrica, serviços de telecomunicações, veículos automotores novos,
terrestres, aquáticos e aéreos.
O colegiado já realizou cinco audiências públicas sobre o tema. O relator
da matéria, senador Roberto Rocha (PSDB-MA), pretende entregar o parecer até o
fim desta semana.
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