Jocimar Justino de Souza - Membro da Bramon
Uma bola de fogo atravessou o céu catarinense na noite de
segunda-feira (3) e foi registrada por uma estação em Monte Castelo, no Planalto Norte. Mas o fenômeno no céu não era outro meteoro e sim um satélite espião soviético que entrou na
atmosfera após 39 anos em órbita.
Conforme a Bramon (Rede Brasileira de Observação de
Meteoros), o fenômeno pôde ser avistado na região Sul do país e
até mesmo no Uruguai.
Satélite
espião soviético
A Bramon explica que o Cosmo 1437 era um satélite espião soviético que foi lançado em 20 de janeiro de 1983 por um foguete na antiga União Soviética. O material vinha se deteriorando há algum tempo e sua reentrada estava prevista para ocorrer na noite de segunda-feira, às 21:02 (horário de Brasília). A previsão foi feita pela Aerospace.
No horário previsto, a estação de Monte Castelo conseguiu fazer o registro. As imagens foram registradas pelo astrônomo amador Jocimar Justino Souza, membro da Bramon. Ele possui diversos sistemas utilizados para registrar meteoros e uma das câmeras capturou o momento que o satélite cruzava o céu.
Jocimar salienta que qualquer
pessoa pode fazer esses registros, basta estar com uma câmera gravando o céu.
“Precisa contar com um pouco de sorte também, por isso esses registros são
raros. Geralmente, quando ocorrem esses fenômenos ninguém está preparado com um
celular ou câmera na mão gravando naquela direção”.
Bola de fogo
Jocimar explica que a bola
avistada no céu era mais lenta que um meteoro de rochas espaciais. “Ele foi
mais intenso, bem mais lento que um meteoro. Dá para ver a trilha deixada por
ele, que acabou queimando na atmosfera. Falando em linguagem popular, foi isso
que as pessoas visualizaram no céu, uma bola de fogo passando – que é o efeito
que ele causa durante a queima da atmosfera”.
Conforme ele, muitas pessoas acreditavam estar vendo um meteoro, mas apesar das
semelhanças, a velocidade dos objetos é um diferencial utilizado no momento de
identificar o tipo de fenômeno. Os meteoros causados por rochas espaciais são
consideravelmente mais rápidos e o registrado na segunda-feira foi bem lento.
“Na verdade, é bem parecido e até não deixa de ser um meteoro,
mas é um causado por lixo espacial e não através das rochas que vem do espaço.
O princípio que faz esse fenômeno brilhar é o mesmo. Devido a alta velocidade
que esses objetos entram na atmosfera terrestre é feita uma compressão de gases
que causam a ionização e consequentemente uma alta temperatura, o que faz com
que esses objetos brilhem e sejam avistados de longas distâncias”, explica.
Jocimar destaca que é possível avistar esses objetos às vezes
até mais de 700 km de distância.
Sem perigo
A Bramon informa que a reentrada
do Cosmos 1437 não representou nenhum risco para a população em solo, pois
grande parte do material foi vaporizado durante a passagem atmosférica.
“Apenas as peças mais maciças e resistentes são capazes de suportar o calor da
reentrada, mas essas provavelmente caíram no Oceano após cruzarem os estados do
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além do Uruguai”.
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