Satélite espião soviético é flagrado no céu de SC

Jocimar Justino de Souza - Membro da Bramon

Jocimar Justino de Souza - Membro da Bramon

07/01/2022 - 09h35

Uma bola de fogo atravessou o céu catarinense na noite de segunda-feira (3) e foi registrada por uma estação em Monte Castelo, no Planalto Norte. Mas o fenômeno no céu não era outro meteoro e sim um satélite espião soviético que entrou na atmosfera após 39 anos em órbita.

Conforme a Bramon (Rede Brasileira de Observação de Meteoros), o fenômeno pôde ser avistado na região Sul do país e até mesmo no Uruguai.

Satélite espião soviético

A Bramon explica que o Cosmo 1437 era um satélite espião soviético que foi lançado em 20 de janeiro de 1983 por um foguete na antiga União Soviética. O material vinha se deteriorando há algum tempo e sua reentrada estava prevista para ocorrer na noite de segunda-feira, às 21:02 (horário de Brasília). A previsão foi feita pela Aerospace.

No horário previsto, a estação de Monte Castelo conseguiu fazer o registro. As imagens foram registradas pelo astrônomo amador Jocimar Justino Souza, membro da Bramon. Ele possui diversos sistemas utilizados para registrar meteoros e uma das câmeras capturou o momento que o satélite cruzava o céu.

Jocimar salienta que qualquer pessoa pode fazer esses registros, basta estar com uma câmera gravando o céu. “Precisa contar com um pouco de sorte também, por isso esses registros são raros. Geralmente, quando ocorrem esses fenômenos ninguém está preparado com um celular ou câmera na mão gravando naquela direção”.

Bola de fogo

Jocimar explica que a bola avistada no céu era mais lenta que um meteoro de rochas espaciais. “Ele foi mais intenso, bem mais lento que um meteoro. Dá para ver a trilha deixada por ele, que acabou queimando na atmosfera. Falando em linguagem popular, foi isso que as pessoas visualizaram no céu, uma bola de fogo passando – que é o efeito que ele causa durante a queima da atmosfera”.

Conforme ele, muitas pessoas acreditavam estar vendo um meteoro, mas apesar das semelhanças, a velocidade dos objetos é um diferencial utilizado no momento de identificar o tipo de fenômeno. Os meteoros causados por rochas espaciais são consideravelmente mais rápidos e o registrado na segunda-feira foi bem lento.

“Na verdade, é bem parecido e até não deixa de ser um meteoro, mas é um causado por lixo espacial e não através das rochas que vem do espaço. O princípio que faz esse fenômeno brilhar é o mesmo. Devido a alta velocidade que esses objetos entram na atmosfera terrestre é feita uma compressão de gases que causam a ionização e consequentemente uma alta temperatura, o que faz com que esses objetos brilhem e sejam avistados de longas distâncias”, explica.

Jocimar destaca que é possível avistar esses objetos às vezes até mais de 700 km de distância.

Sem perigo

A Bramon informa que a reentrada do Cosmos 1437 não representou nenhum risco para a população em solo, pois grande parte do material foi vaporizado durante a passagem atmosférica.

“Apenas as peças mais maciças e resistentes são capazes de suportar o calor da reentrada, mas essas provavelmente caíram no Oceano após cruzarem os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além do Uruguai”.

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  • Jornal Regional



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