Foto: Julio Cavalheiro/Arquivo/Secom/Divulgação
A seca atinge 16
estações hidrológicas de Santa Catarina, cujos índices de água estão em
situação de alerta ou emergência para estiagem. Conforme o mapa do Monitor de
Secas divulgado nesta segunda-feira (20), a situação na região Oeste é a mais
grave.
As chuvas
irregulares em novembro e dezembro, muito abaixo do esperado, fizeram com que
os mananciais e os níveis dos rios ficassem baixos, explica o pesquisador de
hidrologia da Epagri/Ciram, Guilherme Miranda.
“Estamos com
problema de falta de chuva bem distribuída. Isso pode afetar as plantações,
principalmente as de milho, que têm previsão de quebra de safra por causa dessa
falta de chuva no Extremo-Oeste”, diz.
As estações
hidrológicas armazenam e transmitem dados hidrológicos ao monitorar os níveis
dos rios. Segundo o pesquisador, desde 2017 não tem chovido como o esperado,
mas a situação se intensificou em 2019. Nos últimos dois anos, choveu 900 mm a
menos no Estado.
Em situação de
emergência estão estações nos municípios de Mondaí, Romelândia, Alfredo Wagner,
Chapadão do Lageado, São João Batista, São Martinho, Coronel Freitas,
Pinhalzinho, Saudades, Joaçaba, Tangará, Concórdia e Itapiranga.
Até o momento, em
2021, a região Oeste está com 12% a menos de chuva quando comparado à média
histórica. No Meio-Oeste, choveu 16% a menos.
“Em setembro e
outubro choveu até mais do que o esperado, mas agora não. Mesmo que venha a
chover mais, como é o esperado para a segunda quinzena de janeiro, não tem como
recuperar o passado, como viemos com a estiagem desde 2019”, reforça o
pesquisador.
O Monitor de Secas
mostra que houve avanço da seca grave no Planalto Norte em função das chuvas
abaixo da média histórica nos últimos meses.
Assim, o que varia
é a intensidade dos impactos. Enquanto no Oeste a seca se mantém em níveis
graves e extremos, no Centro do Estado a estiagem é classificada como moderada
e no Litoral Sul como fraca. Já regiões da Grande Florianópolis, parte do Vale
do Itajaí e o Litoral Norte ficaram de fora da área de seca.
Conforme Miranda, nos próximos dois anos será desenvolvida uma tecnologia própria de Santa Catarina para monitorar os índices hidrológicos do Estado, uma vez que o Monitor de Secas é uma tecnologia nacional.
O que explica a seca em SC
Entre os vários
fatores que explicam a falta das chuvas, um dos principais é o La Ninã. A
previsão, ainda em agosto, já indicava chuvas irregulares, períodos prolongados
de estiagem e a variação nas temperaturas.
Segundo o
meteorologista da Epagri/Ciram, Marcelo Martins, as chuvas mal distribuídas são
um dos principais fatores que fazem do Oeste catarinense uma região mais
sensível.
Além disso, há a
seca meteorológica — quando não chove — e a seca hidrológica, que está
relacionada à redução dos níveis médios de água em reservatórios superficiais e
subterrâneos, o que tem acontecido nos últimos meses.
“Por exemplo, chove
bastante em dois meses. Parte dela vai para a atmosfera, parte é absorvida pelo
solo. Com isso, a água se infiltra nas partes mais fundas do solo e no lençol
freático. Dessa forma, ficamos sem seca hidrológica, mas depois ficar sem
chover por 15, 20 dias, o que caracteriza a seca meteorológica”, explica.
Assim, a mal
distribuição de chuvas, como ocorre na região Oeste e Extremo-Oeste, faz com
que a seca hidrológica se agrave. Em uma noite ou uma tarde pode chover 50 mm,
por exemplo, e a precipitação nas áreas do Litoral pode chover o mesmo, mas ao
longo de uma semana.
Dessa forma, ocorre
a mal distribuição espacial, poque “onde chove todos os dias fica mais úmido,
mas onde choveu muito em um dia, a água evapora e o solo fica seco”.
Nos últimos 15
dias, choveu de forma mais concentrada no Litoral, com 150 mm. Porém, nas
demais regiões, choveu menos. Em Chapecó, no Oeste, por exemplo, foram
registrados apenas 1,5 mm de precipitação.
Quais são as
soluções para evitar a falta de água
O governo do Estado
afirma que a população precisa se manter atenta ao consumo racional de água,
especialmente com a previsão de chuvas abaixo da média histórica neste verão.
“O Estado vem
atuando por meio de diferentes programas e projetos, em parceria com os
municípios, para minimizar os efeitos da seca, mas a colaboração de todos é
essencial”, explica o secretário executivo de Meio Ambiente de Santa Catarina,
Leonardo Porto Ferreira.
O diretor de
Operações e Expansão da Casan, Pedro Joel Horstmann, diz que ações a curto e a
longo prazo estão sendo executadas pela companhia para que não falte água no
Estado. Em resumo, serão realizadas novas adutoras, captações e perfurações de
poços.
A obra no Rio
Chapecozinho, que transportará água por uma adutora de 57 km até a região de
Chapecó, deve ficar pronta em março de 2023 e soma um investimento de R$ 250
milhões, que deve atender 500 mil moradores.
“A curto prazo nós
temos realizado a perfuração de poços artesianos e feito as captações de água
emergenciais, para atender as regiões de Chapecó, Xaxim, Maravilha e São Miguel
do Oeste”, explica o diretor.
A Casan atende 193
municípios catarinenses, o que corresponde a 66% das cidades. O governo do
Estado, por meio da Casan, afirma que investirá 1,7 bilhão em infraestrutura de
abastecimento. São 50 projetos para melhoria e modernização de Estações de
Tratamento de Água, ou implantação de novas unidades.
Há risco de falta
de água no Litoral?
Para suprir o
aumento da demanda de água, especialmente do dia 28 de dezembro a 5 de janeiro,
a Casan fez uma ampliação da ERAB (Estação de Recalque de Água Bruta) do Rio
Cubatão, que atende a região metropolitana de Florianópolis.
A obra, cujo
investimento é de R$ 11 milhões, irá atender, além da Capital, os municípios de
Biguaçu, Santo Amaro, São José e Palhoça.
O projeto também
irá contribuir com a integração dos sistemas do Sul e Norte da Ilha e Santa
Catarina. “Por exemplo, se estiver mais demanda da região Sul, será possível
direcionar água da região metropolitana para lá. Tudo acontece de forma online
e integrada”, completa.
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