Sem que houvesse uma proposta concreta das resseguradoras
para garantir aos familiares e às vítimas do acidente da Chapecoense os
direitos ao seguro, a ação civil pública do Ministério Público Federal (MPF)
prosseguirá seu curso. A ACP foi ajuizada em novembro de 2019, pleiteando a
condenação dos responsáveis à reparação dos danos materiais e morais sofridos
pelas vítimas e familiares brasileiros do acidente ocorrido com a aeronave que
transportava a equipe da Associação Chapecoense de Futebol em 29 de novembro de
2016.
Em fevereiro desse ano, a
pedido do grupo liderado pela seguradora Tokio Marine, solicitou ao MPF que
fosse feito um acordo para que as famílias das vítimas sejam indenizadas. Mas
após reuniões não se chegou a uma proposta concreta. Os procuradores que cuidam
do caso esclareceram que a ação seguirá o curso normal sem
prejuízo de que as empresas envolvidas apresentem futuramente nova proposta de
acordo, desde que atenda minimamente ao que ficou estabelecido na série de
reuniões que ocorreram no primeiro trimestre de 2020 para discutir o assunto.
“Conforme ficou bem explicitado na última reunião, na medida em que até o
momento não houve a apresentação concreta de proposta de tentativa de acordo
por parte dos resseguradores, já decorrido o prazo que convencionamos para
aguardar uma resposta contemplando uma proposta de resolução minimamente aceitável
para que levássemos ao crivo de admissibilidade dos familiares das vítimas
brasileiras do acidente aéreo, consideramos formalmente encerradas as
discussões e tratativas para se chegar a um possível acordo extrajudicial”,
disseram os procuradores do MPF que atuam no caso ao escritório de advocacia
que acompanha os representantes do Fundo Humanitário que tem a Tokio Marine Kln
como líder.
Os procuradores manifestaram ainda, aos advogados que representam a Tokio
Marine, estarem cientes “em relação aos últimos esforços empreendidos pelos
resseguradores para se chegar a uma possível resolução extrajudicial da lide”,
mas em virtude da inexistência de proposta concreta, “a ação civil pública
prosseguirá em seus posteriores termos”.
ACP - Em
novembro do ano passado, o MPF ajuizou ação civil pública, pedindo à Justiça
Federal a condenação dos réus ao pagamento de indenização, por danos materiais
e morais, em montantes globais de até US$ 300 milhões. Foi requerido, ainda, o
bloqueio de R$ 52 milhões das subsidiárias brasileiras das corretoras,
seguradoras e resseguradoras que se recusam a pagar as indenizações do acidente
com a companhia aérea LaMia, que transportava a Associação Chapecoense de
Futebol e causou 71 mortes, em 29 de novembro de 2016, na Colômbia. Mas o
bloqueio foi negado pelo juiz da 2ª Vara Federal de Chapecó, que sustenta a
decisão afirmando não haver indícios, por parte das seguradoras e
resseguradoras, "de que esteja de qualquer forma dilapidando o patrimônio
ou tentando se evadir da obrigação de efetuar o pagamento" e que "o
bloqueio de valores não determinará a sua destinação imediata às vítimas ou
seus familiares".
São réus na ação civil pública,
além da empresa LaMia, os grupos econômicos da corretora Aon e das seguradoras
Tokio Marine Kiln e Bisa Seguros y Reaseguros, e o pedido de bloqueio de bens
foi feito diretamente contra as subsidiárias brasileiras desses grupos. Essas
seguradoras e resseguradoras, segundo o apurado pelo MPF, estavam cientes da má
condição financeira da companhia aérea, que tinha dificuldades para se manter
em operação.
O acidente aéreo - A
queda do voo 2933 em 28 de novembro de 2016 matou 71 das 77 pessoas que estavam
no avião que transportava a Chabpecoaense. O voo charter, operado pela
companhia LaMia, proveniente de Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, tinha como
destino o Aeroporto Internacional José María Córdova em Rionegro, Colômbia. Às
21h58, no horário local da Colômbia a aeronave caiu próximo ao local chamado
Cerro El Gordo, ao se aproximar do aeroporto em Rionegro.
Entre os passageiros estavam os jogadores da Chapecoense, equipe técnica e
diretoria do time brasileiro, jornalistas e convidados, que iriam a Medellín,
onde o clube disputaria a primeira partida da final da Copa Sul-Americana
contra o Atlético Nacional.
Entre os 77 passageiros e tripulantes, 71 pessoas morreram na queda do
avião, e seis foram resgatadas com vida. Dos mortos, 20 eram jornalistas
brasileiros, nove eram dirigentes da Chapecoense, dois eram convidados, 14 eram
da comissão técnica, 19 eram jogadores e sete eram tripulantes. Dos seis
sobreviventes quatro eram passageiros e dois eram tripulantes.
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