Denúncias contra vereadora Maria Tereza Capra foram apreciadas pela Comissão de Inquérito do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar | Foto: Tiarajú Goldschmidt/Arquivo Câmara de Vereadores
A Câmara de
Vereadores de São Miguel do Oeste realiza na sexta-feira (3), a partir das 18h,
uma sessão extraordinária para votar o relatório final da Comissão de Inquérito
do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, referente às duas denúncias
recebidas em face da vereadora Maria Tereza Zanella Capra (PT). As denúncias
foram protocoladas sob o nº 2929, de 4 de novembro de 2022, e 2957, de 9 de
novembro de 2022, por quebra de decoro parlamentar.
Conforme o
presidente da Comissão de Inquérito, Carlos Roberto Agostini, a defesa terá
prazo de até duas horas para manifestação, e cada vereador terá direito a 15
minutos para expor seu voto. Os vereadores votarão três itens previstos nas
denúncias e no relatório final da Comissão de Inquérito: O não conhecimento de
um dos fatos contido na denúncia de protocolo nº 2929, visto que de competência
exclusiva do Poder Judiciário; conhecimento dos pedidos delineados nas
denúncias de protocolo nº 2929 e 2957, relativos ao vídeo produzido e veiculado,
e por consequência cassar o mandato da vereadora Maria Tereza Capra, decretando
a perda do mandato; e quanto ao fato II, delineado na denúncia de protocolo nº
2957 – em relação à condenação em segunda instância por órgão colegiado, a seis
anos de detenção, a ser cumprida em regime inicial semiaberto, por prática de
crime contra a lei de licitações perpetrado contra esse município –, conhecendo
no todo, dando provimento para cassar o mandato da vereadora Maria Tereza
Capra, decretando a perda do mandato.
A sessão terá a
presença de segurança, com limitação do público conforme capacidade fixado pelo
Corpo de Bombeiros, bem como, em observância ao Regimento Interno da Câmara,
não será permitida a entrada com faixas, bandeiras ou cartazes.
TEOR DAS
DENÚNCIAS
A denúncia sob nº
2929 foi apresentada pelo advogado Brendo Luiz de Pizzol Barroso e acusa a
vereadora Maria Tereza Capra de ter praticado “infração político-administrativa
grave, sujeita à apuração e sanção pela Câmara Municipal de Vereadores” pelo
fato de ter utilizado sua rede social Instagram para “propagar notícias falsas
e atribuir aos cidadãos de Santa Catarina e ao Município de São Miguel do Oeste
o crime de fazer saudação nazista e ser berço de célula neonazista”.
Já a denúncia sob
nº 2957 foi apresentada por Luiz Guerini, Marilene Santin Guerini, Daiana
Michele Sossmeier, Ivonei Dalla Corte, Marcelo de Wallau da Silva, Everson Elio
Rospide, Karin Fatima Mollmann, Jecson Pazini, Vera Lúcia Oliveira Soares
Bandieira, Juarez Segalin, Deizi Bandieira, Itamar Fonini e Laerte José Rasche,
contando ainda com um abaixo-assinado contendo 1.266 assinaturas de munícipes
todos identificados, com data e local.
Essa denúncia traz
dois fatos distintos. O primeiro cita manifestação ocorrida em 2 de novembro de
2022, em frente ao 14º Regimento de Cavalaria Mecanizado, em que centenas de
manifestantes realizaram uma manifestação pacífica e que “em dado momento da
manifestação, antes da execução do Hino Nacional, os manifestantes foram
conclamados pelo locutor do evento, empresário local, a estenderem a mão sobre
o ombro da pessoa à sua frente ou, se não houvesse, para que estendessem o
braço, a fim de ‘emanar energias positivas’”, conforme o texto.
Diz a denúncia que
as imagens do gesto durante a execução do Hino Nacional rapidamente viralizaram
nas redes sociais, tentando associá-lo à saudação do regime nazista. Ressaltam
que o Ministério Público de Santa Catarina iniciou uma investigação sobre a
manifestação, a qual concluiu que não houve apologia ao nazismo durante a
manifestação.
Segue o relatório:
Declaram os denunciantes que “mesmo sabendo que os gestos não se tratavam de
apologia ao nazismo, a vereadora Maria Tereza Zanella Capra utilizou de sua
rede social Instagram para propagar notícias falsas e atribuir aos cidadãos de
São Miguel do Oeste o crime de fazer ‘saudação nazista’ e ser ‘berço de células
neonazistas’.” Cita a denúncia ainda que diante da repercussão negativa, a
mensagem “teve amplo alcance nas redes sociais, fazendo com que o município de
São Miguel do Oeste seja conhecido como ‘terra de nazistas’”.
O segundo fato
apontado na denúncia cita condenação criminal de Maria Tereza Capra em segunda
instância, pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina, por prática de crime
contra a lei de licitações, “pela contratação de shows artísticos sem o devido
procedimento licitatório, na época em que exercia a função de secretária
municipal de Cultura”. A denúncia diz ainda que Capra teve registro de
candidatura a deputada federal indeferido, e que “se a representada está
inelegível, o exercício da vereança é incompatível do ponto de vista da ética e
do decoro parlamentar”.
RELATÓRIO DA
COMISSÃO
No parecer da
Comissão de Inquérito, que foi composta por Carlos Roberto Agostini (MDB),
Gilmar Baldissera (PP) e Ravier Centenaro (PSD), o texto discorre sobre a
apreciação das denúncias, a manifestação da defesa e o pedido de declaração de
suspeição da Comissão, feito pela defesa da vereadora. Por fim, o relatório
discorre sobre as questões de mérito das denúncias e apresenta as conclusões,
já citadas acima.
A sessão
extraordinária será transmitida ao vivo pelas redes
sociais da Câmara.
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