O Congresso
Nacional aprovou nesta quinta-feira (25) a proposta orçamentária deste ano (PLN
28/20). Gastos vinculados ao salário mínimo foram calculados com valor inferior
ao atual, e caberá ao Poder Executivo propor os ajustes. O texto foi aprovado
há pouco pelo Senado, por 60 votos a 12 e 1 abstenção. Na Câmara, foram 346
votos a 110.
A proposta segue
para sanção. Pela Constituição, o projeto deveria ter sido aprovado em
dezembro. Um impasse político na instalação da Comissão Mista de Orçamento (CMO)
e a pandemia de Covid-19 afetaram os trabalhos.
O relator-geral,
senador Marcio Bittar (MDB-AC), fez vários ajustes no projeto de lei enviado
pelo Poder Executivo. Definiu como meta fiscal um déficit de R$ 247,1 bilhões
para o governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência).
As receitas foram
estimadas em R$ 4,324 trilhões, com acréscimo de R$ 32,2 bilhões em relação ao
original do Executivo. As despesas foram fixadas em mais de R$ 2,576 trilhões,
fora o refinanciamento da dívida e as empresas estatais.
O teto dos gastos é
de R$ 1,486 trilhão, conforme a Emenda Constitucional 95. De forma mais
prática, R$ 1,480 trilhão, porque há dispêndios do ano passado a serem quitados
agora, e outros previstos para 2021 que ficarão para 2022.
Dentro do teto de
gastos estão benefícios da Previdência Social e da Assistência Social (BPC),
seguro-desemprego e abono salarial. O texto aprovado considera um valor de R$
1.067 para o salário mínimo, que desde janeiro vale R$ 1.100.
Obras e saúde
O Ministério do
Desenvolvimento Regional (administração direta e órgãos vinculados), com R$
10,2 bilhões, e o Fundo Nacional de Saúde, com R$ 8,3 bilhões, foram os mais
favorecidos pelas mudanças de última hora.
Foram canceladas,
entre outras, dotações reservadas inicialmente pelo Executivo para quitar
benefícios previdenciários urbanos e rurais (R$ 13,5 bilhões), abono salarial
(R$ 7,4 bilhões) e seguro-desemprego (R$ 2,6 bilhões).
“Na árdua tarefa
para conciliar o cenário de pandemia, a retração econômica, os poucos recursos
discricionários [de livre uso pelo Executivo] e os pleitos legítimos, tive
tomar decisões difíceis, mas necessárias”, explicou Marcio Bittar.
Segundo ele, os
gastos com a Previdência Social devem cair devido à recente reforma e pelo
combate a fraudes. No entanto, relatório da equipe econômica informa que a
previsão é faltar R$ 8,5 bilhões para essas despesas neste ano.
A medida foi
criticada por parlamentares de oposição. “Sabe o que isso significa? Calote na
previdência dos brasileiros”, comentou a deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP). “Está
tirando dos pobres para dar para as Forças Armadas”, reclamou, ao atacar o
corte efetivado no abono salarial.
“O governo editará medida provisória com crédito extraordinário para retomar o benefício emergencial”, informou o deputado Claudio Cajado (PP-BA), citando programa para redução de salário e jornada como alternativa no setor privado.
Críticas e acordo
Um corte de R$ 1,75
bilhão inviabilizou o Censo Demográfico, argumentaram alguns parlamentares.
Numa complementação de voto, Marcio Bittar retirou outros R$ 169,7 milhões
dessa ação, agora sem nada mais para gastar.
O líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO), assumiu compromisso de que haverá dinheiro para a saúde e a educação. Informou ainda que a contagem populacional será viabilizada oportunamente.
“Regra de ouro”
O valor desse
crédito poderá cair se o governo usar outras fontes para cobrir os gastos. De
qualquer forma, pelo terceiro ano consecutivo haverá despesas condicionadas. Em
2019, R$ 249,9 bilhões; em 2020, R$ 343,6 bilhões.
A Constituição
proíbe que as operações de crédito (emissão de títulos) excedam as despesas de
capital (investimentos e amortizações). Para superar a “regra de ouro”, é
necessária a aprovação de, pelo menos, 257 deputados e 41 senadores.
De maneira simplificada, é como alguém pegar dinheiro no banco para pagar o aluguel, já que o artifício pressupõe contrair endividamento para quitar despesa do dia a dia. Como nos anos anteriores, a maior parte das despesas condicionadas em 2021 refere-se a aposentadorias, pensões e pessoal.
Emendas impositivas
Das emendas individuais
impositivas, mais de R$ 8,3 bilhões são de deputados e mais de R$ 1,3 bilhão de
senadores. Somadas, as 26 bancadas estaduais e a do Distrito Federal terão R$
7,3 bilhões em emendas impositivas – o valor foi corrigido para cima após
decisão do Tribunal de Contas da União (TCU).
>>>PARTICIPE DO GRUPO DE NOTÍCIAS NO WHATSAPP.
DEIXE UM COMENTÁRIO
Facebook