Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil.
A Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a autorização temporária de uso
emergencial (AUE), em caráter experimental, do medicamento Sotrovimabe, um
anticorpo monoclonal para tratamento da Covid-19. Indicado para casos leves e
moderados, ele deve ser utilizado em pacientes adultos e adolescentes com 12
anos ou mais (que pesem pelo menos 40 kg) e que estão em risco de progressão
para o estágio grave da doença.
O medicamento atua
contra a proteína spike do Sars-CoV-2 e é projetado para bloquear a ligação do
vírus e a sua entrada nas células humanas. O diretor geral de medicamentos da
Anvisa, Gustavo Mendes, explicou sua ação. “É um anticorpo, que é fabricado em
laboratório para fazer a mesma função que um anticorpo produzido naturalmente,
ou seja, neutralizar o vírus. E a proposta da empresa é que esse anticorpo
consiga prevenir a hospitalização e mortes”, disse.
Os anticorpos são
proteínas produzidas no organismo que ajudam o sistema imunológico a combater
vírus, bactérias e câncer por meio do reconhecimento de antígenos. Com o avanço
da biotecnologia, foi possível produzir em laboratório anticorpos monoclonais,
ou seja, específicos para uma única região do antígeno.
A biotecnologia
farmacêutica do Sotrovimabe cria ainda uma barreira para a seleção de variantes
resistentes e permite que o medicamento mantenha a atividade in vitro contra
cepas mutantes do vírus. O medicamento é de uso restrito a hospitais e não pode
ser vendido em farmácias e drogarias. A dose recomendada é uma dose única de
500 mg, administrada por infusão intravenosa.
Análise
O pedido de
autorização emergencial foi protocolado em 19 de julho deste ano pela empresa
GlaxoSmithKline (GSK) Brasil Ltda. A análise foi feita pela Gerência-Geral de
Medicamentos e Produtos Biológicos (GGMED), pela Gerência-Geral de Inspeção e
Fiscalização Sanitária (GGFIS) e pela Gerência-Geral de Monitoramento de
Produtos Sujeitos à Vigilância Sanitária (GGMON).
Fora do Brasil, a
agência reguladora norte-americana (Food and Drug Administration – FDA) e a
agência canadense Health Canadá também já haviam autorizado o uso emergencial
do medicamento. Além disso, a Agência Europeia de Medicamentos (European
Medicines Agency – EMA) emitiu um parecer científico apoiando o uso do
Sotrovimabe como opção de tratamento para a Covid-19.
Outros medicamentos
Esse é o quinto
medicamento autorizado no Brasil para tratamento do vírus, sendo o quarto em
uso emergencial. “A Anvisa aprovou mais de cem estudos de medicamentos, vacinas
e produtos biológicos, e tem acompanhado de perto todos os resultados que são
gerados para que, quando um novo medicamento ou uma nova proposta terapêutica
apresente o benefício maior que o risco e que possa auxiliar no enfrentamento
da pandemia, possamos disponibilizar o quanto antes para a população”, destacou
Gustavo Mendes.
Em março, a Anvisa
anunciou o registro do primeiro medicamento para pacientes hospitalizados com
Covid-19: o antiviral Remdesivir. Já em abril, outro medicamento foi aprovado
em caráter emergencial. O coquetel contém a combinação de casirivimabe e
imdevimabe (Regn-CoV2), dois remédios experimentais desenvolvidos pela
farmacêutica Roche.
Em maio, a Anvisa
aprovou o uso emergencial da combinação de dois anticorpos monoclonais: o
banlanivimabe e etesevimabe. Assim como o Sotrovimabe, eles são versões das
defesas naturais do corpo fabricadas em laboratório, com o objetivo de combater
infecções. Em agosto foi aprovado ainda o uso emergencial do regdanvimabe, que
auxilia na reprodução de anticorpos que ajudam no combate a alguma doença
específica, contudo o uso do medicamento não previne a doença.
Dados do Covid-19
O Brasil registrou
34.407 novos casos e 643 óbitos por Covid-19 nas últimas 24 horas, de acordo
com a última a atualização do Ministério da Saúde, em 16 de setembro. Ao todo,
mais de 21 milhões de brasileiros foram infectados pelo novo coronavírus desde
o início da pandemia. O número de pessoas que morreram pela doença no País é de
589.240. Mais de 20,1 milhões de pessoas já se recuperaram da Covid-19 e outros
323 mil casos ainda estão em acompanhamento.
A taxa de
letalidade média do Brasil é de 2,8%. O Rio de Janeiro é o estado com o
indicador mais elevado entre as 27 unidades da federação: 5,52%. Em seguida
estão São Paulo, Amazonas e Pernambuco, todos com o índice acima dos três
pontos percentuais.
Taxa de letalidade nos estados
Rio de Janeiro –
5,55%
São Paulo – 3,42%
Amazonas – 3,22%
Pernambuco – 3,19%
Rio Grande do Sul –
3,03%
Alagoas – 3,00%
Maranhão – 2,87%
Pará – 2,82%
Goiás – 2,74%
Ceará – 2,58%
Paraná – 2,58%
Minas Gerais –
2,56%
Mato Grosso do Sul
– 2,56%
Mato Grosso – 2,55%
Rondônia – 2,46%
Piauí – 2,19%
Bahia – 2,18%
Sergipe – 2,16%
Espírito Santo –
2,16%
Distrito Federal –
2,12%
Paraíba – 2,12%
Acre – 2,07%
Rio Grande do Norte
– 1,99%
Tocantins – 1,68%
Santa Catarina –
1,63%
Amapá – 1,61%
Roraima – 1,58%
Os números têm como
base o repasse de dados das Secretarias Estaduais de Saúde ao órgão.
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