O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) ingressou
na Justiça com ação civil pública com pedido liminar para garantir o
atendimento imediato, ou no prazo máximo de 12h a contar do pedido médico, de
todas as solicitações de leitos de enfermaria ou UTI pediátrica e neonatal para
crianças e adolescentes que busquem a rede pública de Santa Catarina, inclusive
com a aquisição de vagas na rede privada de saúde, se necessário.
A ação
ajuizada pela 10ª Promotoria de Justiça da Comarca da Capital também
requer que o Estado forneça, diariamente pela manhã e ao final do dia, a
relação das solicitações de vagas em leitos de enfermaria e UTI pediátrica e
neonatal pendentes de atendimento pela Regulação Estadual, com identificação do
nome das crianças e dos adolescentes em espera e que, em 48 horas,
apresente a relação dos leitos ativos de enfermaria e de UTI pediátricos e
neonatais da rede privada estadual, discriminando as informações por Hospital e
por Região de Saúde.
De
acordo com o Promotor de Justiça Sandro Ricardo Souza, as listagens de
pendências de atendimento e dos leitos privados disponíveis são necessárias a
fim de permitir a aplicação de multa sugerida de R$ 100 mil para cada
atendimento pendente além do prazo de 12 horas, a ser cobrada dos gestores -
Secretário de Estado da saúde e Governador do Estado.
O
atendimento deverá ser prestado, preferencialmente na mesma região de saúde em
que se encontra o paciente e garantindo-se o transporte adequado.
A ação
foi ajuizada na manhã desta quinta-feira (14/7) e aguarda posicionamento da
Justiça sobre os pedidos liminares.
Ação Judicial é medida extrema
A ação
foi ajuizada depois de três meses de tratativas com a Secretaria de Estado da
Saúde, que propôs medidas que tem se mostrado insuficientes ou
simplesmente descumpridas.
A
situação da ocupação dos leitos de UTI neonatal em todo o território
catarinense está sob apuração da 10ª Promotoria de Justiça da Comarca da
Capital desde o início de abril, quando foi instaurado o inquérito civil para
tratar do tema, a partir da veiculação na mídia de notícias dando conta da
superlotação em várias regiões do estado.
No
curso do procedimento, diversas diligências foram realizadas, destacando-se ter
o Estado informado sobre ações a serem desenvolvidas para o enfrentamento da
crise, inclusive, com a previsão de ampliação dos leitos de UTI nos Hospitais
públicos e filantrópicos contratualizados com o SUS.
Sandro
Ricardo Souza convocou, inclusive, uma reunião com a Secretaria de Estado da
Saúde - em conjunto com os Coordenadores dos Centros de Apoio Operacional da
Infância, Juventude e Educação (CIJE) e dos Direitos Humanos (CDH) - Promotores
de Justiça João Luiz de Carvalho Botega e Douglas Martins, respectivamente.
Na
reunião, realizada no dia 6 de junho, os representantes do MPSC apresentaram ao
Secretário Estadual da Saúde, Aldo Baptista Neto, a preocupação do Ministério
Público com a situação atual do sistema de saúde pública catarinense, em
especial a falta de leitos de UTIs neonatais e pediátricas.
Na
ocasião, o Secretário e sua equipe reconheceram a necessidade histórica de
mais leitos de UTI Neonatal e Pediátrico no Estado, porém atribuíram o cenário
de maior preocupação deste ano, com maior sobrecarga do sistema, a alguns
fatores, como baixos índices de vacinação de crianças e adolescentes e o fato
as crianças estarem mais expostas às doenças respiratórias, além da limitação
do horário de atendimento nas unidades de saúde dos municípios mais impactados,
o que sobrecarrega o sistema hospitalar.
A
Secretaria de Saúde detalhou as ações de planejamento para enfrentar o problema
da elevada taxa de ocupação dos leitos de UTI pediátrica e neonatal.
Porém,
mesmo com a observância do cronograma proposto, ainda persiste a elevada taxa
de ocupação de leitos de enfermaria e UTI Neonatal e Pediátrica no
Estado.
Na
sexta-feira (8/7) o Procurador-geral de Justiça Fernando da Silva Comin - junto
com o Subprocurador-Geral de Justiça para Assuntos Institucionais do MPSC,
Alexandre Estefani e os Coordenadores do CIJE e do CDH - recebeu a direção do
Conselho Regional de Medicina (CRM), que relatou que o Hospital Infantil de
Florianópolis está à beira do colapso, com crianças que necessitam de
atendimento classificado de baixo risco (ambulatorial) esperando cerca de 10
horas para serem atendidas na emergência e sem leitos de UJTI
disponíveis.
As
informações recebidas também foram repassadas para o inquérito da 10ª
Promotoria de Justiça da Comarca da Capital que, diante da morte de uma criança
por suposta falta de atendimento adequado nesta segunda-feira (11/7), não viu
outra alternativa além de judicializar a questão, ingressando com a ação civil
pública.
O MP ainda constatou que a
falta de leitos de UTI para crianças no Estado vem se agravando e que durante
todos os dias da última semana houve crianças com necessidade de transferência
a UTI¿s que ficaram sem acesso ao serviço no tempo oportuno por falta de vagas.
"Percebe-se
que as ações desenvolvidas pelo ente público no enfrentamento da crise de
leitos de UTI Neonatal e Pediátrica no Estado não tem sido suficientes para
aplacar a elevada demanda por referido atendimento, de forma que outras medidas
adicionais devem ser adotadas, em especial que apresentem resolutividade, com a
acomodação imediata das crianças e adolescentes que necessitam de atendimento e
buscam a rede pública de saúde", completa o Promotor de
Justiça.
No
inquérito civil em curso, a 10ª Promotoria de Justiça irá apurar as
responsabilizações pela falta de atenção as crianças que morreram e também
sobre a falta de estrutura dos municípios na atenção básica.
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