Foto: Arquivo/Agência Brasil
Ao comparar os
números do agronegócio de 2023 em relação a 2022, o PIB apresentou um recuo de
0,94%. Os dados são da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA),
referentes ao balanço do setor para este ano e as perspectivas para 2024.
Apesar da queda, o PIB conseguiu alcançar o terceiro maior valor da série
histórica iniciada em 1996 — atrás apenas de 2021 e 2022 — com R$ 2,6 trilhões.
Na opinião do diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, existe uma explicação para
esse resultado: o comportamento desfavorável dos preços do agronegócio.
“Poderia ser uma
safra das mais caras da história. E estão aí os resultados que comprovam isso
quando a gente analisa o custo de produção da soja, do milho primeiro e segundo
a safra, mostrando principalmente fertilizantes, que tiveram aumento de 50% a 80%
nessas cadeias — e em outras com volumes muito maiores”, avalia.
Ainda segundo o
diretor, foi um ano de ‘safra cheia e bolso vazio’. “Na época de
comercialização, mesmo os produtores que não travaram tanto boa parte da
produção, tivemos quedas na grande parte das cadeias que variou de 20 a 30% não
só na agricultura, mas principalmente na pecuária”, aponta.
O economista
Aurélio Trancoso acrescenta mais um ingrediente: as elevadas taxas de
juros. “A taxa de juros é extremamente maléfica. Ela prejudica, ela mata o
empresário, ela mata o trabalhador e ela acaba matando o mercado. O
especialista ressalta que os produtos da cesta básica estão com preços elevados
nas prateleiras.
“Se está caro, as
pessoas começam a diminuir o consumo, compram apenas aquilo que é necessário
para a sua casa. E isso aí também faz com que você tenha produtos no mercado,
mas você não tenha consumidor”
O levantamento
ainda mostra que a tendência é que esse cenário continue com menor
rentabilidade em 2024, de acordo com o diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi.
“Para 2024, a gente
espera resultado do PIB no agronegócio próximo à neutralidade ou queda de até
2% em relação à 2023. O PIB agropecuário deve ficar em 1,5%. Influenciarão na
performance menor, questões geopolíticas como as guerras e questões climáticas,
com alterações na temperatura média e nos índices de chuvas provocadas pelo
fenômeno El Niño”, observa.
A CNA ainda calcula
que o ciclo de cortes na taxa básica de juros, iniciado em agosto, levará a
taxa Selic a 11,75% ao final do ano, contribuindo para queda no custo de
equalização do crédito rural e queda das taxas de juros com recursos livres. A
maior produção de alimentos em 2023 ajudará o IPCA a ficar dentro da meta,
fechando o período em 4,75%.
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